Ativista antiguerra condenado a seis anos de prisão na Rússia

Um tribunal russo condenou a seis anos de prisão um homem que estava acusado de publicar mensagens numa rede social a denunciar a invasão da Ucrânia pela Rússia, país que tem reprimido firmemente críticas públicas sobre a guerra.

Nikolai Farafonov, de 35 anos, foi considerado culpado de “apelos públicos à prática de atos terroristas” por um tribunal militar na República de Komi, na Rússia (norte), e terá de cumprir a pena num campo de “regime comum”, de acordo com os meios de comunicação social russos.

Segundo a procuradoria, o ativista russo publicou “vídeos e mensagens” a apelar à queima de gabinetes de recrutamento militar.

Nos últimos dois anos foram relatados na Rússia dezenas de incêndios ou tentativas de incêndio contra esses edifícios, noticiou a agência France-Presse (AFP).

Segundo a Memorial, que o reconheceu como preso político, Farafonov vivia numa pequena cidade da região e dirigia um canal de mensagens na rede social Telegram abertamente hostil à ofensiva de Moscovo contra Kiev.

O russo falou em concreto, ainda de acordo com esta organização não-governamental (ONG), dos soldados russos mortos na Ucrânia, da repressão política, da educação patriótica pró-Kremlin nas escolas, mas também dos acontecimentos e problemas atuais na sua região, a República de Komi.

Em outubro de 2022, já tinha sido multado por desacreditar o Exército através de um comentário ‘online’ em que evocou, de acordo com a ONG Memorial, a morte de crianças ucranianas.

Após esta multa, Nikolai Farafonov continuou, no entanto, a publicar mensagens críticas até à sua detenção em setembro de 2023 e a este processo penal por “apelos ao terrorismo”.

Tal como este russo, milhares de pessoas foram condenadas na Rússia a multas e centenas de outras a penas de prisão por denunciarem o ataque ordenado por Vladimir Putin contra a Ucrânia.

Também hoje foi divulgado que um tribunal russo condenou à revelia a cantora Liudmila (Lucy) Stein, membro do grupo punk Pussy Riot, a seis anos de prisão por ter, alegadamente, espalhado “informações falsas” sobre as Forças Armadas russas.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

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