Atividade física: Número de passos dados por pessoa diminuiu desde a pandemia de Covid-19 e a tendência é preocupante, alerta estudo
A pandemia da Covid-19 e as restrições a que obrigou a nível mundial fizeram com que as pessoas reduzissem o número de passos diários, tendência que se mantem independentemente do avanço das vacinas contra o coronavírus e dos avanços feitos.
A informação foi partilhada através de um estudo, publicado na revista JAMA Network Open, com dados do Programa de Investigação ‘Todos Nós’ dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos da América (EUA), que se concentra em identificar formas de desenvolver cuidados de saúde individuais.
“Em média, as pessoas estão a dar cerca de 600 passos a menos por dia do que antes do início da pandemia”, revelou o autor do estudo e professor associado de medicina cardiovascular no Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, nos EUA, Evan Brittain.
Esta tendência faz inevitavelmente refletir sobre o impacto do coronavírus no dia a dia de cada um. “Para mim, a principal mensagem é realmente uma mensagem de saúde pública: aumentar a consciência de que a Covid-19 parece ter tido um impacto duradouro nas escolhas comportamentais das pessoas quando se trata de atividade”, salientou o autor do documento.
Quem anda menos?
Em outubro de 2022 foi publicada uma pesquisa onde consta que as pessoas com excesso de peso podem reduzir o risco de obesidade em 64% se em vez de cerca de seis mil passos por dia derem aproximadamente 11 mil.
Neste novo estudo, os investigadores compararam o número de passos dados por cerca de 5.500 pessoas, a maioria mulheres com uma média de idade de 53 anos, num período pré-Covid – entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de janeiro de 2020 – e noutro considerado pós-Covid – de 1 de fevereiro de 2020 até ao final de 2021.
Os resultados não mostraram diferenças na atividade física com base no sexo, obesidade, diabetes e outras doenças ou condições, apenas dão conta de que as pessoas que deram menos passos têm em comum desvantagem socioeconómica, stress psicológico e o facto de não estarem vacinadas.
A idade também fez a diferença, mas de forma inesperada: as pessoas com mais de 60 anos não foram afetadas pela pandemia, pelo contrário, continuaram a dar o mesmo número de passos do que antes, informa a análise.
Foram as pessoas mais jovens, entre os 18 e os 30 anos, que deram menos passos, notou Brittain ao destacar que “cada 10 anos de diminuição da idade estava associada a uma redução de 243 passos por dia, o que é preocupante”. “Se isto persistir com o tempo, poderá certamente aumentar o risco de doenças cardiovasculares, obesidade, hipertensão, diabetes e outras condições fortemente ligadas ao sedentarismo”, advertiu o investigador.
Cerca de seis mil pessoas participaram nesta análise utilizando rastreadores de atividade durante pelo menos 10 horas por dia, o que deu aos investigadores acesso aos seus registos de saúde eletrónicos. Apesar de não terem sido abordadas as razões, os dados apresentados indicam que as pessoas não se movem tanto como antes da pandemia, comportamento que não sofreu melhorias mesmo com os avanços a nível global.