Ataques na Alemanha sobem de tom: russo atira criança de 10 anos de uma ponte por esta falar ucraniano
A polícia alemã está a investigar um homem, que se suspeita ter nacionalidade russa, depois de este ter atirado uma criança ucraniana, de apenas 10 anos, de uma ponte por esta falar a sua língua natal. Os investigadores acreditam que o ataque, na cidade de Einbeck, na Baixa Saxónia, teve motivação política uma vez que os refugiados ucranianos têm sofrido de uma reação negativa na Alemanha, onde foram acolhidas mais de um milhão de pessoas desde o início da invasão russa.
O homem, de cerca de 40 anos e que fala em russo, abordou um grupo de crianças na cidade alemã, que estavam sentadas perto de uma ponte e falavam ucraniano. O homem terá dito que estas deveriam falar russo e que na verdade foi a Ucrânia que iniciou o conflito.
Depois, terá puxado o cabelo de uma das crianças e atirou um menino por cima do parapeito da ponte, que tem cinco metros de altura entre até ao canal – a criança bateu ainda nas vigas de ferro da ponte antes de cair na água. O homem atirou ainda uma garrafa de vidro ao menino na água, atingindo-o no ombro direito. O agressor fugiu logo depois.
O menino sofreu ferimentos leves no pé esquerdo e na cabeça, mas recebeu alta hospitalar logo depois de ter sido internado. Os ataques contra ucranianos na Alemanha aumentaram desde que Berlim reforçou o seu apoio a Kiev com armamento mais pesado e abriu as suas portas aos refugiados.
Tanto a extrema-direita, que tende a simpatizar com Putin, como os russos que vivem na Alemanha recusaram este apoio e tornaram-se cada vez mais hostis para com os ucranianos. Recentemente, diversos estudantes ucranianos em Frankfurt acordaram e encontraram a letra Z, um símbolo da guerra de Putin, inscrita no seu dormitório.
A Alemanha tem cerca de 3,5 milhões de russos étnicos, a maior população do mundo ocidental, bem como russos de herança alemã e judeus russos. “Muitos identificam-se com a Rússia e a União Soviética – veem a televisão russa e sofrem uma lavagem cerebral total com a propaganda russa”, descreveu Sergej Sumlenny, diretor do Centro Europeu de Resiliência, em declarações ao jornal britânico ‘The Telegraph’: embora este ataque tenha sido “extremo” e “absolutamente não provocado”, também “não foi uma exceção”, sublinhou.