“Assim não vai lá, Sr.ª Doutora”: Sindicato acusa ministra da Saúde de pressionar chefes de serviços hospitalares para suspenderem férias dos médicos

A ministra da Saúde, Marta Temido, terá telefonado aos responsáveis dos serviços de hospitais pertencentes ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) para questionar por que razão não cancelaram as férias dos médicos. O objetivo seria mitigar as falhas nas escalas de serviço que têm gerado o encerramento de múltiplos serviços por todo o país.

A informação é revelada pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que num comunicado intitulado “Assim não vai lá, Sr.ª Doutora” aponta, numa mensagem dirigida a Temido, que “ainda não percebeu que fazer telefonemas a Directores de Serviço a questioná-los por não terem suspendido as férias dos médicos em resposta à falta de recursos agravada por abandonos em massa do SNS ou substituir Directores Clínicos na esperança de que sejam tirados coelhos da cartola, ainda mais agudiza a crise”.

O mesmo sindicato acusa a ministra de ainda não ter percebido “que a esmagadora maioria dos médicos não quer fazer trabalho extraordinário e nem sequer sendo bem pago, ainda por cima transitória e oportunisticamente”.

A solução para crise nos vários serviços de urgência, sustenta o SIM, “passa por captar e manter Médicos Especialistas e Recém-Especialistas no SNS”, designadamente “proporcionando aos médicos vencimentos mensais condignos com a especificidade, o risco profissional, a responsabilidade e a penosidade do trabalho medico, nivelando-os com os seus colegas europeus”.

Um dos diretores de serviço da ARS Lisboa e Vale do Tejo confirmou ao ‘Observador’, sob condição de anonimato, que foi contactado por Temido, que ter-lhe-á perguntado se haveria possibilidade de “melhorar a escala” que tinha sido criada nessa unidade. A mesma fonte disse que a ministra se mostrou “exaltada” e “em pânico”, tendo chegado a responsabilizar esse diretor de serviço pela falta de médicos na ARS Lisboa e Vale do Tejo.

O SIM salienta que a solução para o atual caos nas urgências hospitalares “passa por uma negociação urgente e séria com os sindicatos médicos”, mas lamenta que não haja celeridade no processo.

“Os sindicatos continuam a aguardar a receção do protocolo negocial acordado há 15 dias e a marcação de datas negociais”, remata a associação sindical.

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