Assange vai para a remota ilha americana de Saipan: o que falta para o fundador do Wikileaks ser livre?

Julian Assange chegou a acordo com as autoridades americanas e aceitou declarar-se culpado de conspiração para obter e divulgar ilegalmente informações confidenciais, num acordo com a justiça dos EUA, e já saiu da prisão – o fundador da WikiLeaks vai declarar-se culpado de um único crime de conspiração em troca de uma sentença de 62 meses, já cumprida na prisão de segurança máxima de Belmarsh.

Depois de chegar a acordo com a justiça norte-americana, Julian Assange foi libertado da prisão de segurança máxima de Belmarsh nas primeiras horas desta segunda-feira, onde estava desde 2019, antes de ser libertado sob fiança pelo Supremo Tribunal de Londres, e embarcou num avião com destino à ilha remota de Saipan, no Arquipélago das Marianas.

Mais conhecida pelas suas praias e naufrágios da II Guerra Mundial, a ilha tropical de Saipan, no Pacífico, sediará em breve o ato final desta odisseia jurídica de 14 anos. No tribunal da ilha, Assange vai declarar-se culpado esta quarta-feira de uma única acusação criminal num acordo judicial que o levará à liberdade e regressar a casa, na Austrália.

Onde é Saipan?

Saipan é a capital das Ilhas Marianas do Norte (NMI), uma comunidade dos EUA no Pacífico ocidental que começa a cerca de 70 km ao norte de Guam e se estende por 14 ilhas.

Tal como territórios como Guam ou Porto Rico, as Ilhas Marianas do Norte fazem parte dos EUA sem o estatuto completo de estado.
Os cerca de 51 mil residentes são cidadãos dos EUA, mas não podem votar nas eleições presidenciais. Em algumas ilhas, como Saipan, há tribunais distritais dos Estados Unidos. Assange vai comparecer no tribunal às 9h (horário local), na quarta-feira (meia-noite em Lisboa)

Por que motivo vai Assange para lá?

Os promotores dos EUA disseram que Assange queria ir a um tribunal perto de sua casa, a Austrália, mas não em território continental dos Estados Unidos.

Saipan tem a vantagem de estar relativamente perto da Austrália – a cerca de 3.000 km ao sul. O Havai, por exemplo, fica duas vezes mais longe. “Ele tem de enfrentar as acusações apresentadas sob a lei dos EUA”, salienta Emily Crawford, professora da faculdade de direito da Universidade de Sydney, em declarações à agência ‘Reuters’. “Tinha de ser território dos EUA, mas tinha de ser o território dos EUA mais próximo da Austrália que não fosse um estado dos EUA como o Havai.”

Se o juiz aprovar o seu apelo, Assange deverá regressar à Austrália após a audiência, disseram os procuradores dos EUA.

WikiLeaks: Julian Assange chega a acordo com EUA e sai da prisão

Ler Mais