XV Conferência ED: As máquinas permitem-nos ser mais humanos
Pedro Pombo, managing director da Accenture Digital, trouxe-nos a palco esta manhã na conferência da Executive Digest uma perspectiva mais humana sobre tecnologia.
Um tema que, como explica, tem efeitos polarizados, o que implica tensão entre verdade/mentira, aberto/fechado, homem/máquina. O managing director partilhou pequenas histórias que o marcaram ao longo deste ano. «Os computadores agora têm olhos. Há uns tempos falávamos com as máquinas, agora a máquina olha, entende o mundo que a rodeia e toma decisões, como no caso do Google Click. Este dispositivo escolhe quando tirar fotografias consoante os gostos do utilizador».
Assumidamente um fã da marca Apple, Pedro Pombo continua: «Quando aceitamos que a máquina nos reconheça através da nossa cara está tudo em mudança. Isto não era assim há cinco anos, a sociedade agora está preparada e tudo isto está relacionado com o design.» E o mesmo acontece no caso dos espelhos inteligentes, que dão conselhos. «Os seres humanos são homens de rotinas, há que aproveitá-las para criar serviços e produtos que se adaptem ao dia-a-dia».
Há assim um novo conjunto de produtos recentemente potenciados pela tecnologia. «A Disney tem agora câmaras preparadas para reconhecer as emoções que os espectadores têm ao assistirem aos seus filmes, e com isso tomar decisões para se adaptar às preferências de cada um. Ou a Sushi Express, uma cadeia de sushi, que tem câmaras com computer vision no tecto de cada restaurante para detectar, através da cor, se a comida está ainda em condições», explica, partilhando a necessidade de se repensar serviços, o uso da informação e a potencialidade do design.
«Confiamos mais nas máquinas, que nos facilitam a vida, do que em muitas pessoas. Mas quando deixamos o algoritmo decidir por nós, estamos a dar poder a outros. Há uma mudança de paradigma interessante que vai fazer acelerar tudo isto. Temos por isso de nos adaptar, há um novo intermediário» chama a atenção, consciente que tudo isto vai mudar as regras do jogo.
A última história foca a procura de significado pelas máquinas. «Qual o papel das máquinas neste novo normal? Uma coisa é certa, as máquinas têm paciência infinita», dando diversos exemplos como o cortar da relva, a moderação de conteúdos, os RPAs (Robotic Process Automation) que vão buscar informação aos sistemas. Tudo isto permite «libertar-nos de tempo para sermos mais humanos», assegura. Acrescentando ainda que a tecnologia vai criar novas categorias de trabalho, como os trainers, sustainers e explainers.
Para Pedro Pombo a dicotomia homem versus máquina não faz sentido. «Temos de pensar numa forma colaborativa, no melhor desenho para absorver a tecnologia e garantir que é um processo transparente e inclusivo», ressalva.
Texto de TitiAna Amorim Barroso