“As empresas familiares são a espinha dorsal da economia portuguesa”: Pedro Brito, Associate Dean and CEO da Nova SBE Executive Education

A próxima geração de líderes está mais consciente da importância de competências específicas para enfrentar desafios como a digitalização e a governança. Em entrevista à Executive Digest, Pedro Brito, Associate Dean and CEO for Nova SBE Executive Education, explica como a instituição está empenhada em apoiar as empresas familiares, ajudando-as a garantir um futuro próspero e relevante para as próximas gerações.

A nível de formação executiva, a Nova SBE oferece um Programa Intensivo de Gestão de Empresas Familiares. Em que consiste esta formação?

Na verdade, temos várias iniciativas dirigidas a gestores de empresas familiares, mas o programa VOICE Leadership é, sem dúvida, aquele que tem demonstrado maior impacto nas práticas de gestão e nos resultados das empresas. Oferecendo um currículo que integra estratégias de gestão, inovação, governança familiar e sucessão, o programa aborda ainda outros tópicos essenciais, como a sustentabilidade e a transformação digital, ao mesmo tempo que adapta práticas de gestão às dinâmicas específicas das empresas familiares. Com uma combinação de sessões teóricas e práticas, os participantes têm acesso a cerca de 400 especialistas e mentores, aumentando a aplicabilidade do conhecimento adquirido. Desde o início deste ano, inscreveram-se já mais de 2500 PME, muitas delas de cariz familiar, todas com a ambição de aprender mais para melhorar a sua competitividade no mercado em que operam.

Na vossa opinião, quais são os principais desafios enfrentados pelas empresas familiares?

As empresas familiares enfrentam diversos desafios, muitos dos quais relacionados com a sustentabilidade ao longo de gerações. A gestão da sucessão, a profissionalização das operações e a adaptação a novas realidades do mercado – como a digitalização e a responsabilidade social – são questões críticas. Além disso, a harmonização entre as necessidades do negócio e as dinâmicas familiares pode representar um desafio constante. Estes elementos exigem uma abordagem cuidadosa e uma preparação específica, como a que oferecemos na Nova SBE, para apoiar os gestores a equilibrar a visão de longo prazo com os desafios operacionais do presente. Destacaria o desafio da governança nestas empresas – para os donos dessas empresas, compreender práticas de governança significa estruturar processos que promovam transparência, responsabilidade e eficiência. Isto melhora a tomada de decisões e previne conflitos, especialmente em empresas familiares. Uma boa governança facilita ainda o acesso a parcerias e financiamentos, demonstrando que a empresa está preparada para enfrentar desafios e crescer de forma sustentável. No entanto, muitas empresas e, em particular, os accionistas/gestores não consideram este conhecimento essencial.

E qual a sua importância para a economia nacional?

As empresas familiares são a espinha dorsal da economia portuguesa, representando uma grande percentagem das PME em actividade e contribuindo de forma significativa para o PIB e para o emprego. A sua importância vai além dos números, pois são fundamentais para o tecido económico e social das regiões onde estão inseridas, contribuindo para a estabilidade económica, para a criação de valor local e para a preservação de um legado que, muitas vezes, se transmite de geração em geração. Fortalecer estas empresas é, por isso, um objectivo central para a Nova SBE e para o programa VOICE Leadership, pois acreditamos que a sua resiliência e crescimento beneficiam toda a economia nacional. Quanto maior for a criação de riqueza destas empresas, maior será a probabilidade de distribuição da mesma pelas famílias que integram a organização.

O número de formandos interessados nesta área tem vindo a aumentar? Quais as razões? Quem são?

Sim, temos notado um aumento do interesse por formações executivas voltadas para a gestão de empresas familiares. Este crescimento deve-se, em parte, à necessidade de adaptar estas empresas às exigências de um mercado cada vez mais competitivo e global. A próxima geração de líderes está mais consciente da importância de competências específicas para enfrentar desafios como a digitalização e a governança. Os participantes são, sobretudo, membros das gerações sucessoras, que pretendem integrar ou liderar os negócios familiares, bem como gestores actuais que desejam preparar a empresa para uma transição eficaz e sustentável.

Quais os contributos que a Nova SBE pretende dar para a Gestão de Empresas Familiares em Portugal? Quais as principais prioridades para o próximo biénio?

A Nova SBE tem como prioridade capacitar gestores de empresas familiares para que possam responder aos desafios de um mercado em rápida transformação. Nos próximos dois anos, vamos focar-nos em temas como a inovação digital, a sustentabilidade e a gestão de processos de sucessão. Através do VOICE Leadership e com o apoio de mais de 30 parceiros, pretendemos formar 5000 líderes que possam não só gerir eficazmente os seus negócios, mas também preservar e expandir o legado familiar. Além disso, a Nova SBE continuará a investir em programas de mentoria e redes colaborativas, incentivando a partilha de boas práticas entre líderes de diferentes sectores.

Quais as competências consideradas essenciais para a gestão eficaz de uma empresa familiar?

Para uma gestão eficaz, consideramos essenciais competências como a liderança estratégica, a adaptabilidade à mudança e a capacidade de inovação. A gestão de conflitos e a comunicação são também fundamentais, especialmente em empresas onde as relações familiares se entrelaçam com a estrutura organizacional. A visão de longo prazo, combinada com uma capacidade de adaptação rápida, é essencial para assegurar que a empresa possa prosperar ao longo de várias gerações. No programa VOICE Leadership, trabalhamos estas competências em contexto prático, de forma a permitir que os gestores de empresas familiares possam responder eficazmente aos desafios contemporâneos.

Na vossa opinião, como se avizinha o futuro das Empresas Familiares em Portugal?

O futuro das empresas familiares em Portugal será, sem dúvida, desafiante, mas também promissor. Aquelas que investirem em inovação, formação e sustentabilidade estarão melhor posicionadas para se adaptar às transformações do mercado. A digitalização e a transição para práticas de negócio mais sustentáveis são tendências inevitáveis, e as empresas que se prepararem para essas mudanças terão uma vantagem competitiva. Na Nova SBE, estamos empenhados em apoiar as empresas familiares nesta transição, ajudando-as a garantir um futuro próspero e relevante para as próximas gerações. Com a abordagem certa e um investimento contínuo em formação, estas empresas continuarão a ser um pilar fundamental da economia portuguesa.

Este artigo faz parte da edição de Novembro (n.º 224) da Executive Digest.