Armas à prova de Trump: NATO quer transferir grupo coordenador da ajuda militar à Ucrânia para o seio da aliança

Os Estados Unidos e outros países ocidentais estão a considerar transferir para a NATO um grupo multinacional liderados pelos EUA que coordena o envio de armas para a Ucrânia, uma medida que pretende responder à ‘ameaça’ de uma segunda presidência de Donald Trump na Casa Branca. Desta forma, indicou o jornal ‘POLITICO’, poderia manter-se o fluxo de armas para Kiev.

A reunião do Ministério dos Negócios Estrangeiros da NATO, em Bruxelas, esta quarta e quinta-feira, deverá ser palco da discussão da transferência gradual da organização – chamada Grupo de Contacto de Defesa da Ucrânia – para o controlo da aliança militar, segundo indicaram três autoridades europeias e uma americana: o objetivo é finalizar a medida na cimeira dos líderes da NATO em Washington em julho.

Os aliados veem esta uma forma de institucionalizar o esforço liderado pelos Estados Unidos, permitindo que outros países da NATO tenham uma voz maior sobre o processo caso haja uma reeleição de Donald Trump.

O grupo da Ucrânia foi lançado nas primeiras semanas da guerra pelo secretário de Defesa Lloyd Austin e pelo então presidente do Estado-Maior Conjunto, general Mark Milley, para coordenar o apoio ocidental às defesas de Kiev, e visou acelerar dezenas de milhares de milhões de dólares em equipamento, armas e outras ajudas à Ucrânia, que têm sido fundamentais para travar as forças russas.

As discussões sobre a transferência do grupo para a NATO decorrem “em níveis muito altos”, com o objetivo de formalizar o apoio europeu e da aliança a Kiev – o facto de a discussão acontecer antes das eleições nos EUA pretende tornar o grupo “mais duradouro”.

Transferir o grupo para a NATO seria um passo significativo no sentido de cimentar o apoio ocidental à guerra da Ucrânia num futuro próximo, por entre o receio europeu com um possível regresso de Trump à Casa Branca. No curto prazo, a política interna nos EUA já ameaça cortar o financiamento para enviar armas adicionais a Kiev.

A formalização do grupo dentro da NATO ajudaria muito a proteger o apoio à Ucrânia das mudanças nos Governos dos EUA e do Ocidente, disseram os especialistas – e particularmente de Trump. “Há um sentimento, não em todo o grupo, mas numa parte do grupo da NATO, que pensa que é melhor institucionalizar o processo apenas no caso de uma reeleição de Trump”, referiu Jim Townsend, antigo funcionário da NATO. “E isso é algo que os EUA terão de se habituar a ouvir, porque é um medo, e legítimo.”

“Puxar para a NATO isola-a de uma presidência Trump, ou mesmo de um EUA que pode ser distraído pela China e não consegue continuar ou não consegue organizar o seu próprio financiamento”, acrescentou.

Se for bem-sucedida, a medida será a mais recente de uma série de ações tomadas para reforçar as instituições em antecipação a outra presidência de Trump. No final do ano passado, os legisladores aprovaram uma lei que exige a aprovação do Congresso caso um futuro presidente tente sair da NATO e estão a considerar novas medidas de proteção.

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