Aquecimento global pode já ter ultrapassado o limite crítico, afirmam cientistas

O aquecimento global pode já ter ultrapassado um limite crítico, referiu um novo estudo publicado na revista científica ‘Nature Climate Change’: investigadores da Universidade da Austrália Ocidental, da Universidade Estadual de Indiana (Estados Unidos) e da Universidade de Porto Rico-Mayagüez observaram esponjas de crescimento lento para estimar as temperaturas da superfície oceânica anteriores à Revolução Industrial e a conclusão aponto que a Terra aqueceu ainda mais desde o período pré-industrial do que o imaginado.

Segundo o Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), as temperaturas aumentaram mais de 1 grau Celsius nos últimos 150 anos. No entanto, o novo estudo avançou que já podemos ter ultrapassado esse limite – de acordo com os cientistas, pode já estar 1,7 graus acima dos níveis pré-industriais. “O nosso resultado é 0,5 graus superior às estimativas do IPCC, com um aquecimento global de 2 graus Celsius projetado até ao final da década de 2020, quase duas décadas antes do esperado”, referiram.

A equipa liderada por Malcolm McCulloch estudou os esqueletos preservados de esclerosponjas, uma espécie de esponja de crescimento lento cujos esqueletos duros de calcário funcionam como uma espécie de arquivo natural de registos climáticos de há séculos – o clima provocou alterações químicas nos seus esqueletos, o que levou os cientistas a concluírem que o aquecimento global provocado pelo homem começou décadas antes da linha de base pré-industrial.

“Este artigo mostra que o aquecimento da superfície oceânica nesta região (Caribe) começou na década de 1860, uma época antes da existência de bons registos de temperatura oceânica”, realçou Yadvinder Malhi, professor de ciência dos ecossistemas do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford, em comunicado.

“Esta descoberta é usada para argumentar que a linha de base de referência pré-industrial deveria ser adiada para o período de 1700 a 1860, em vez do período de 1850-1900 normalmente usado pelo IPCC e outros. Com esta nova linha de base, é adicionado 0,5ºC às nossas estimativas de aquecimento da era industrial e, portanto, os estudos sugerem que já ultrapassámos os 1,5ºC de aquecimento da era industrial e nos aproximamos dos 2ºC”, referiu.

“Embora as metas climáticas de Paris estabeleçam metas de aquecimento de referência em relação às linhas de base pré-industriais, há uma suposição implícita de que este é dominado pelo aquecimento causado pelo homem causado pela era industrial. É improvável que o aquecimento de 0,5°C em 1800 seja causado pelo homem”, sustentou.

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