Apreensões batem recordes em Portugal: autoridades retiraram 721 milhões de euros em cocaína das ruas

Portugal registou um novo recorde de apreensão de cocaína no ano passado: ao todo, foram tiradas das ruas 21,7 toneladas, mais 31,4% do que no ano anterior, avaliada em mais de 721 milhões de euros, indicou esta quinta-feira o ‘Diário de Notícias’: esta foi a quantidade mais elevada apreendida pelas autoridades nos últimos 15 anos, segundo apontou o relatório sobre o Combate ao Tráfico de Estupefacientes em Portugal.

A Polícia Judiciária (PJ) foi a mais ativa nas apreensões, sendo responsável por 61,3% da droga apreendida: a Autoridade Tributária respondeu por 32,4% (o dobro face a 2022, principalmente nos portos marítimos) e a GNR, com 6,1%, também o dobro face ao ano anterior.

“À semelhança do que aconteceu em outros países, como por exemplo a Bélgica (121 toneladas) e Espanha (100 toneladas), também em Portugal as quantidades de cocaína aprendidas no ano de 2023 bateram novos recordes relativamente aos volumes, já elevados, dos últimos anos”, assinalou Sylvie Figueiredo, investigadora académica de criminalidade organizada.

“Acresce que esta tendência de aumento está a ser acompanhada por outros indicadores que nos devem preocupar, nomeadamente a alteração do papel de Portugal neste processo como verificámos com a deteção de laboratórios de produção de cocaína no norte do país (operação da PJ em Guimarães, em novembro passado) e com a deteção da presença no território de grupos de crime organizado de elevada relevância neste mercado criminal como é o caso dos brasileiros e os de leste europeu”, indicou, em declarações ao jornal diário.

O relatório apontou ainda que é por via marítima que chegam maiores quantidades de cocaína, representando 83% da cocaína apreendida pelas autoridades: em apenas 14 operações foram detetadas 18 toneladas. No entanto, apesar da quantidade de cocaína ser maior, as detenções nas infraestruturas portuárias são significativamente menores no nosso país: até novembro passado, apenas 8 (4 em 2021 e 4 em 2023) sendo que no ano recorde nos aeroportos (2022 com 21 detenção) não houve qualquer detenção nos portos.

“O recurso a Portugal para a introdução/produção de produto estupefaciente está relacionado com a abordagem regional dos traficantes ao mercado europeu, altamente lucrativo. A ameaça que o tráfico de droga, e em particular o de cocaína, está a colocar à Europa é muito significativa e as autoridades de vários países e da UE têm alertado cada vez mais nesse sentido devido às consequências violentas que já se fazem sentir”, frisou Sylvie Figueiredo.

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