Apenas 14% dos russos aprovam política externa de Putin, revela sondagem independente

A maioria dos russos que diz apoiar o presidente Vladimir Putin na verdade não apoia as suas ações de política externa, segundo revelou esta quarta-feira uma sondagem realizada pelo instituto independente ‘Chronicles’, citado pela revista ‘Newsweek’: menos de um sexto dos entrevistados apoiou a política externa do presidente russo, a mais proeminente das quais é o que o Kremlin chamou de “operação militar especial” na Ucrânia.

O grupo ‘Chronicles’, um grupo fundado por Aleksei Miniailo, político da oposição russa, e uma equipa de sociólogos, conduziu sondagens nos últimos dois anos que, garantem, ser um retrato mais verdadeiro da opinião pública. Na última sondagem, a 800 pessoas, feita entre 10 e 17 de setembro, com uma margem de erro de 3,45%, inquiriu sobre a aprovação da liderança russa.

A maioria (78%) disse que aprovava: no entanto, as perguntas de acompanhamento mostraram que isso não significou que eles apoiavam todas as ações de Putin: apenas 14% dos entrevistados que aprovaram Putin e votaram nele em março concordaram com as suas posições de política externa, sendo as principais a guerra na Ucrânia, bem como o seu confronto com o Ocidente e a retórica anti-ocidental.

“A maioria dos russos diz que aprova Putin porque é o que é chamado em ciências sociais de uma posição normativa — o que um bom cidadão patriota deveria pensar”, disse Miniailo. “Todos os recursos do estado são direcionados para criar essa posição.”

“Se olharmos para o que as pessoas querem, elas querem coisas diferentes”, salientou à publicação. “A maioria não quer o que o Governo está a fazer e gostaria que coisas diferentes acontecessem. O problema é que em regimes autoritários, as pessoas não têm muito poder para mudar o seu Governo, diferentemente das democracias.”

A equipa do ‘Chronicles’ descobriu que, entre aqueles que aprovavam Putin, 61% apoiavam um tratado de paz com a Ucrânia com concessões mútuas, enquanto quase metade (43%) queria restaurar os laços com o Ocidente. “Se uma pessoa diz que quer restaurar as relações com os países ocidentais, ela claramente não está a comprar essa narrativa, e isso claramente vai contra o que Putin está a fazer de facto”, sustentou Miniailo.

Enquanto isso, uma esmagadora maioria dos que apoiou Putin (83%) queria que o Governo se concentrasse nos problemas sociais e económicos internos. Entre aqueles que desaprovaram o desempenho de Putin, 92% queriam que o Governo concentrasse os seus principais esforços em questões sociais e económicas nacionais, 79% queriam um tratado de paz com a Ucrânia com concessões mútuas e 90% queriam restaurar as relações com os países ocidentais.

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