Angola: Forças de segurança matam 16 pessoas por alegada violação do estado de emergência

Pelo menos 16 pessoas foram mortas em Angola pelas forças de segurança do país, por alegadamente violarem as regras do estado de emergência, imposto devido à pandemia da Covid-19, avança o ‘Público’, que cita a Amnistia Internacional e a organização angolana Omunga.

De acordo com o relatório dos dois organismos, sete do total de mortes correspondem a «rapazes e jovens» de baixos rendimentos. «Estamos a falar de pessoas muito jovens. Uma das vítimas tinha ainda 14 anos, mas já era um dos membros da família que contribuía para as despesas. A mãe está separada e o miúdo fazia trabalhos para ajudar, até no pagamento da renda», explica João Malavindele, director executivo da Omunga, citado pela mesma publicação.

Segundo responsável estas alegadas «violações das regulamentações do estado de emergência impostas para controlar o alastramento da covid-19», tratam-se apenas de pessoas que saíram de casa apenas para trabalhar.

«O combate à propagação da doença tem de ter em conta a realidade de cada povo. Nós somos um povo que vive muito do que se produz no dia-a-dia, é a cada dia que muitos arranjam o que fazer para ganhar o que comer», acrescenta ao ‘Público’.

Malavindele conta que as mortes ocorreram em contexto de «rixas, confrontos, entre cidadãos e polícias», refere sublinhando que as vítimas não ficam por aqui. «Sabemos que serão mais do que as que registámos. E o número de 16 vai continuar a aumentar. Há dois dias aconteceu a mesma coisa, no domingo. Um homem que não tinha máscara posta foi morto» em Luanda, conta.

O responsável fala ainda em «violência e tortura» por parte das forças de segurança que controlam estas questões. «A nossa polícia é violenta. Por falta de sentido de humanização, por falta de formação, parte sempre para a violência, é sempre a primeira a violar a lei», afirma.

«Se não levas um tiro logo à primeira és levado a tribunal e simplesmente condenado por desacato à autoridade ou crime de desobediência. Um slogan que se usa aqui é ‘A polícia é amiga do povo’. Não é», defende Malavindele, citado pelo ‘Público’.

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