Amesterdão recebe hoje manifestação contra o antissemitismo que promete ser ‘quente’. Autarca local avisa que segurança “não está garantida”

Esta quinta-feira, Amesterdão é palco de uma manifestação contra o antissemitismo, organizada por grupos pró-Israel. Contudo, o evento foi envolto em polémica devido à decisão da presidente da Câmara, Femke Halsema, de não permitir que a manifestação se realizasse na icónica Praça Dam, citando preocupações com a segurança dos participantes que, segundo a própria “não está garantida” neste local.

Em comunicado, Halsema justificou a proibição da manifestação na Praça Dam, afirmando que o município não podia “garantir a segurança dos participantes naquele local”. A decisão foi tomada em conjunto com o chefe da polícia da cidade e o procurador público, uma entidade conhecida localmente como “triângulo de segurança”.

A presidente da Câmara também mencionou a intensa atividade no centro da cidade devido à véspera de Sinterklaas, uma celebração tradicional holandesa, bem como o facto de o protesto estar agendado para a noite, num ambiente já densamente movimentado.

Frank van Oordt, diretor da organização cristã “Cristãos por Israel” nos Países Baixos, expressou a sua profunda frustração com a decisão da autarquia.

“Esta decisão é extremamente dececionante, especialmente porque manifestações pró-palestinianas continuam a ocorrer na Praça Dam, onde também se encontra o Monumento Nacional em memória das vítimas do Holocausto,” declarou Van Oordt.

O diretor sublinhou a importância do evento, apesar da mudança de localização. “É crucial que a manifestação aconteça, mesmo noutro local. Não podemos permitir que o ódio e a intimidação prevaleçam. Exortamos todos a comparecerem para demonstrar solidariedade à comunidade judaica holandesa,” acrescentou.

Nos últimos meses, a Holanda tem assistido a um aumento de incidentes antissemitas, incluindo o perturbador episódio conhecido como a “Caça ao Judeu” em Amesterdão, ocorrido na noite de 7 para 8 de novembro. Estas ações suscitaram preocupações sobre a segurança da comunidade judaica no país.

Adicionalmente, a gestão de Halsema tem sido alvo de críticas, particularmente após o ataque a adeptos do clube de futebol Maccabi Tel Aviv em Amesterdão, durante o qual a presidente da Câmara foi acusada de subestimar a gravidade do incidente.

Apesar dos contratempos, os organizadores do protesto mantiveram-se firmes nos seus objetivos. A manifestação visa chamar a atenção para o aumento do antissemitismo nos Países Baixos e reafirmar que a comunidade judaica não está sozinha.

“Recusamo-nos a desistir,” afirmou Van Oordt. “Juntos, defendemos uma sociedade onde os judeus possam sentir-se seguros e respeitados. É uma mensagem que todos devem ouvir e apoiar.”

A mudança de local, embora vista como um “golpe” para a comunidade judaica, não impediu os organizadores de prosseguir com os preparativos. Até ao momento, o novo local designado pela autarquia ainda não foi divulgado publicamente.

A decisão de restringir a manifestação na Praça Dam suscitou acusações de tratamento desigual, com os organizadores a apontarem que protestos pró-palestinianos foram permitidos no mesmo local anteriormente.

“Dizer-nos que não podemos reunir-nos no Monumento Nacional para combater o ódio e a intimidação é uma afronta à comunidade judaica,” criticou Van Oordt.

Com a manifestação agora deslocada para um local alternativo, resta saber se a mudança de local afetará a adesão ou a visibilidade do evento. Ainda assim, os organizadores continuam determinados em transmitir uma mensagem clara de solidariedade e rejeição ao ódio.

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