Amesterdão está a ‘afundar-se’ em turistas e vai proibir entrada de cruzeiros no centro da cidade

A autarquia de Amsterdão anunciou uma medida significativa para reduzir pela metade o número de navios de cruzeiro que podem atracar no seu porto, com a meta de proibi-los totalmente dentro de uma década. Atualmente, atracam anualmente 190 navios no terminal de passageiros da cidade, localizado próximo ao centro histórico. Esse número será reduzido para 100 até 2026.

A partir de 2027, todos os navios deverão usar energia terrestre fornecida pela rede elétrica da cidade, em vez dos seus geradores poluentes. Em 2035, entrará em vigor uma proibição total, com a abertura de um novo terminal fora dos limites urbanos, revela a ‘Bloomberg’.

A decisão faz parte de um movimento para mitigar os danos do turismo excessivo na capital holandesa. Entre 2019 e 2023, o número de visitantes diurnos aumentou para 15,1 milhões, enquanto as estadias noturnas atingiram 22,1 milhões em 2023, superando o limite tentado de 20 milhões em 2021. Esse aumento sobrecarregou a infraestrutura de trânsito e gerou ressentimento entre os moradores locais.

Os navios de cruzeiro são particularmente criticados por causar picos de poluição no centro da cidade. Cada embarcação equivale à poluição de 31.000 camiões, conforme dados do partido centrista D66. Além disso, os turistas de cruzeiro tendem a gastar menos nos negócios locais, já que comem e dormem a bordo.

A medida enfrenta controvérsias e desafios logísticos. O novo terminal fora da cidade redirecionará 40 navios para o porto de Roterdão, a 88 km de distância, criando congestionamento e poluição adicionais devido ao transporte de autocarro para Amsterdão.

A cidade enfrentará também uma queda na receita estimada entre 46 milhões e 103 milhões de euros. Contudo, a autarquia argumenta que as ações são necessárias para garantir a atratividade da cidade a longo prazo.

Além da restrição aos cruzeiros, Amsterdão tem implementado outras medidas para conter o turismo descontrolado, incluindo limites em apartamentos de curta estadia, proibição de novos hotéis e campanhas contra comportamentos antissociais.

Cidades como Veneza, Barcelona e Dubrovnik já adotaram restrições semelhantes para proteger os seus centros históricos dos impactos negativos do turismo.

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