Ambiente. Há toneladas de amianto enterradas em Portugal

O alerta chega da plataforma SOS-Amianto, criada há um ano pela associação ambientalista Quercus, e que, em 2019, recebeu mais de duas centenas de denúncias e testemunhos sobre a presença deste material cancerígeno em edifícios.

«Não há um dia em que alguém não nos questione ou denuncie esta problemática», afirma Cármen Lima, coordenadora da SOS Amianto, num comunicado citado pelo “Público”. No primeiro aniversário da plataforma, registaram-se «mais de duas centenas de contactos», em que se dava conta da «presença de amianto em fábricas abandonadas, coberturas de edifícios particulares, edifícios de escritórios, escolas, hospitais, teatros, bibliotecas, universidades, edifícios militares», entre muitos outros. Alguns destes contactos foram feitos por «vítimas que trabalharam nas fábricas de produção de fibrocimento, indústria naval e estaleiros, bem como da construção civil», onde tem origem a maior parte dos resíduos contendo esta matéria.

Cerca de 53 mil toneladas de matérias perigosas, entre as quais o amianto, foram importadas para Portugal entre 2016 e 2017 (últimos anos com dados disponíveis). No mesmo período, chegaram 727 toneladas de resíduos contendo amianto com o objectivo de serem depositadas em aterros, revelam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), analisados pelo “Público” Os números mostram ainda que falta remover esta fibra de 3730 edifícios públicos, sendo que não existe ainda um balanço relativo aos espaços privados.

Um alerta da Organização Mundial de Saúde, referido pela SOS-Amianto, refere que as doenças derivadas da exposição a amianto, entre elas o cancro do pulmão, do ovário, a laringe e do estômago, podem demorar mais de 20 anos a manifestarem-se. 

Segundo a análise do jornal, os últimos dados do Ministério da Educação revelam que este ano será removido amianto de 150 escolas, embora não ainda não seja conhecido o número total de estabelecimentos de ensino com este problema.  Ainda assim, frisa a SOS-Amianto, as próprias obras de remoção do material representam perigo e, por isso mesmo, requerem «preparação para a prevenção da possível libertação de fibras e a sua monitorização com análises à qualidade do ar, para garantir que, após a remoção, os espaços encontram-se aptos para ocupação humana, procedimentos que não são possíveis ser implementados durante um fim-de-semana».

 

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