Amazónia como moeda de troca. UE quer compromisso de Bolsonaro para ratificar acordo com Mercosul

Bruxelas está em conversações com o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, procurando obter novos compromissos sobre o futuro da Amazónia, enquanto tenta persuadir o Presidente francês e outros líderes da União Europeia (UE) a ratificar o acordo comercial que o bloco negociou com a América do Sul.

A ratificação do projeto de acordo comercial entre a UE e a zona de comércio livre do Mercado Comum do Sul (Mercosul, que abrange o Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina) tem estado em dúvida quase desde que foi anunciado, em Junho passado.

A França, Irlanda e Áustria já fizeram saber que vão bloquear a ratificação parlamentar a menos que Bolsonaro concorde em fazer mais para combater a desflorestação na Amazónia e o número recorde de incêndios que a região tem registado.

O Presidente brasileiro ignorou repetidamente os apelos internacionais sobre a proteção da Amazónia, defendendo o direito do país a explorar os seus recursos naturais.

O comissário europeu para o comércio, Valdis Dombrovskis, disse reconhecer que a ratificação do acordo comercial do Mercosul, garantido após 20 anos de negociações, era agora improvável.

Mas Dombrovskis, um antigo primeiro-ministro da Letónia, disse que o acordo – que reduz os impostos de importação sobre uma enorme variedade de bens – era um acordo pelo qual valia a pena lutar e que a Comissão procurava obter duras promessas da parte de Bolsonaro, em busca da sua ratificação.

Numa declaração publicada no mês passado, o Governo francês afirmou ter “grandes preocupações” com a desflorestação da Amazónia e o aumento da produção de carne de bovino na região, um dos produtos brasileiros para o qual o acordo comercial do Mercosul iria oferecer um maior acesso ao mercado europeu.