Alqueva restringe acesso à água a agricultores que ultrapassem limites da dotação: “falta de bom senso”, acusam

A Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA) está a cortar a água aos agricultores que excederam os limites da dotação atribuída para o ano agrícola em curso, avançou esta quarta-feira o jornal ‘Público’: a empresa confirmou a interrupção do fornecimento, salientando que esta é comunicada antecipadamente ao cliente para audição prévia – no entanto, recordou que os cortes de água já foram aplicados na campanha de rega de 2023.

Até ao momento, referiu o jornal diário, foram enviados 27 ofícios com aviso de incumprimento das dotações de rega.

No entanto, Pedro Marques, do Grupo Vale – que tem seis mil hectares de área cultivada – garantiu estar “bastante preocupado” com as dificuldades impostas pela EDIA. “Não podemos ter o maior lago artificial da Europa, com quase 80% do seu volume de armazenamento, e, mesmo assim, os agricultores estarem a receber cartas a avisá-los de que vão cortar a água porque excederam o volume acordado”, apontou o produtor de azeite e amêndoa, que tem 218 trabalhadores, salientando que “se estivéssemos a ser fustigados por uma seca extrema, eu até entendia”. Cortar a água, referiu, “não faz sentido. Deve-se apostar no bom uso da água e não na limitação do seu débito”.

Já Manuel dos Reis, presidente da Associação de Beneficiários da Obra de Rega de Odivelas (ABORO), em Ferreira do Alentejo, não concorda com esta solução drástica, salientando que na sua região são aplicadas as mesmas restrições, “mas com algum bom senso”.

Quando o agricultor chega aos 80% da água consumida, é avisado de que está quase a atingir o limite. E se o ultrapassar, “está sujeito a pagar uma taxa de 10% acima do valor estabelecido, que pode chegar, em situação-limite, aos 20%”, explicou o responsável. “Fechar a água a meio de uma campanha, isso não se faz”. “Cada vez temos menos água, mas a escassez que se observa não está a impedir que continuem a ser equipadas novas áreas para rega”, apontou, reforçando que a aposta agora está no olival, uma das culturas que menos consomem.




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