Alemanha, França e Polónia deixam apelo para o “rearmamento massivo” da Europa

O setor da Defesa na Europa foi colocado ‘em pausa’ devido à ausência de ameaças significativas, uma situação que a invasão da Ucrânia pela Rússia veio alterar e obrigar a repensar o setor, segundo defenderam os responsáveis dos Negócios Estrangeiros da Alemanha (Annalena Baerbock), França (Stéphane Séjourné) e Polónia (Radoslaw Sikorski).

Num artigo conjunto publicado esta quarta-feira, os três responsáveis sustentaram que face ao imperialismo russo, é necessário utilizar “todo o potencial industrial” da Europa para um “rearmamento massivo”. “Devemos utilizar todo o potencial industrial do nosso continente para melhorar as nossas capacidades militares”, escreveram, num artigo no jornal ‘POLITICO’.

De acordo com os chefes da diplomacia dos países que compõem o Triângulo de Weimar, o rearmamento permanente exige contratos vinculativos de longo prazo com calendários claros, “um certo nível de ambição” e compromissos financeiros firmes, assim como garantias de compra dos Governos europeus – a meta de gastar 2% do PIB em Defesa tornou-se já “apenas um ponto de partida”, referiram.

“Os EUA há muito que carregam um fardo maior do que o resto da nossa aliança, mas a defesa coletiva cabe a nós, deve ser o nosso esforço conjunto”, indicaram. “Neste sentido”, acrescentaram, “é necessário reforçar a defesa europeia e assim contribuir para a segurança transatlântica”.

“As zonas cinzentas e as concessões a Putin são ingénuas e o chefe do Kremlin considera-as apenas um convite ao comportamento agressivo e ao uso da força militar”, denunciou a ‘troika’ política, salientando que a NATO deve continuar a mostrar uma posição clara face a Vladimir Putin e a sua guerra de agressão na Ucrânia. “Para que a Europa possa viver em paz, o imperialismo russo deve ser travado.”

A questão que os ministros dos Negócios Estrangeiros não responderam foi de onde virá o dinheiro necessário para este rearmamento europeu. No entanto, o Governo alemão já deu uma resposta: depois de no ano passado ter atribuído um orçamento extraordinário de 100 mil milhões de euros para o rearmamento do exército alemão, prepara-se agora para um investimento intenso e constante em armas nos próximos anos.

O ministro das Finanças, Christian Lindner, já anunciou que prevê uma margem de milhares de milhões de euros para o orçamento da Defesa a partir de 2028, que recomendou que, com uma gestão orçamental disciplinada e com o rácio da dívida inferior a 60% da produção económica, conforme exigido pela legislação financeira, a UE está confiante em ser capaz de manter o ritmo do investimento militar.

“Se ficarmos abaixo deste limite, o pagamento da dívida pandémica previsto para 2028 poderá voltar a ser discutido”, indicou o ministro, que pretende aplicar esta verba ao orçamento da Defesa.

Devido à pandemia, o Governo federal alemão obteve empréstimos de emergência no valor de cerca de 300 mil milhões de euros em 2020, 2021 e 2022. O reembolso está previsto começar em 2028 e durar mais de 30 anos. Atualmente, está previsto um reembolso de dívida de 9 mil milhões de euros por ano a partir de 2028, “mas o reembolso poderá ser significativamente reduzido”, indicou, o que “forneceria bilhões de dólares para nos ajudar a alcançar a meta da NATO no orçamento federal após o término do programa especial para a Bundeswehr”.

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