Alargamento da UE deve ser preparado “desde já”, diz António Costa

O presidente eleito do Conselho Europeu, António Costa, afirmou hoje que tem de se “preparar desde já” o alargamento da União Europeia (UE), porque o bloco comunitário tem de ter as condições para acolher quem convida.

“Temos de nos preparar para isso [o alargamento]. Deve ser desde já. Quando chegaremos a acordo, não sei. Mas temos de ter condições para acolher a quem vamos a convidar”, afirmou Costa, referindo-se à prevista inclusão da Moldova e da Ucrânia na UE.

E acrescentou: “O ideal seria que pudéssemos preparar a casa para acolher os que convidamos”.

“Mas não tenho por certo que não tenhamos de fazer as duas coisas simultaneamente”, observou o ex-primeiro-ministro português numa intervenção no Fórum La Toja – Vínculo Atlântico, um encontro ibérico que hoje arrancou na Galiza, Espanha.

O que não deixa dúvidas ao presidente eleito do Conselho Europeu, que assume o cargo europeu em 01 de dezembro, é que o processo não pode ser adiado.

“Para mim algo é claro: do ponto de vista geopolítico, não podemos atrasar o alargamento aos países dos Balcãs ocidentais. Temos de acolher a Moldova e desejar que a Ucrânia possa vencer a paz e decidir livremente o que quer fazer”, afirmou.

Em dezembro de 2023, o Conselho Europeu decidiu abrir as negociações formais de adesão à UE com a Ucrânia e a Moldova.

A área dos Balcãs Ocidentais integra países como Albânia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia do Norte, Montenegro e Sérvia, todos candidatos à adesão à UE. Em 2022, o Kosovo apresentou a sua candidatura à adesão.

O presidente eleito do Conselho Europeu abriu desta forma o debate Competitividade e Governança, com os presidentes do governo espanhol Felipe González (1982-1996) e Mariano Rajoy (2011-2018), respondendo à questão da moderadora sobre se “estamos tão mal como dizem”.

Costa manifestou-se otimista sobre a UE, considerando que a instituição está hoje “mais consciente do que nunca dos desafios” a enfrentar.

“O mais importante é estar conscientes dos desafios. E estamos hoje mais conscientes do que nunca. Podemos estar bem conscientes que, do ponto de vista interno e externo, vamos ter muito que trabalhar”, afirmou o também ex-primeiro-ministro de Portugal, no Fórum na Galiza.

Olhando para a história mais recente da UE, Costa lembrou “várias crises”, como o ‘Brexit’, a pandemia de covid-19 ou a guerra na Ucrânia, que no início pareciam complicadas de ultrapassar, mas com as quais a UE conseguiu lidar.

“Imaginámos que não conseguiríamos estar unidos perante a guerra da Ucrânia. Aprovamos não um, mas 14 pacotes de sanções”, recordou.

“Temos países com histórias, interesses diferentes, governos de famílias políticas diferentes. Ainda assim, conseguimos os consensos para avançar”, frisou.

Quando Mario Draghi diz que a competitividade da Europa enfrenta uma ameaça existencial, “temos de o levar a sério”, tal como a Joseph Borrel, vice-presidente da UE, quando refere que há uma ameaça à segurança, acrescentou.

Na sua intervenção, Mariano Rajoy considerou que a Europa não está “tão mal como alguns dizem” e apesar dos “problemas e desafios” comuns.

“No mundo em que vivemos, a UE continua a ser um espaço de paz, que era o principal objetivo dos fundadores. Somos também um espaço de democracias liberais. Temos um modelo de bem-estar (saúde, segurança social, etc) mais do que razoável. Estamos equipados em termos de infraestruturas”, observou.

A Europa “foi capaz de superar crises”, sendo “a importante, atualmente, a da segurança, incluindo a das fronteiras” comuns, disse.

O Fórum La Toja nasceu há seis anos, na Galiza (Espanha), como um espaço para a reflexão e defesa dos valores que definem as sociedades democráticas.

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