Advogado de Lacerda Machado acusa presidente do Supremo de “declarações de tasca ou de café”
Vários advogados e arguidos da operação que levou à demissão do primeiro-ministro já chegaram ao Campus de Justiça, em Lisboa, onde vão ser ouvidos pelo juiz de instrução Nuno Dias Costa para aplicação das medidas de coação.
À entrada, o advogado de Diogo Lacerda Machado referiu que “a única coisa que temos são estatísticas relativas à perceção de corrupção”. “Não temos mais informação nenhuma. O resto é conversa de tasca ou de café. As declarações do presidente do Supremo Tribunal de Justiça são declarações de tasca ou de café”, afirmou Manuel Magalhães e Silva.
Questionado sobre se a amizade com António Costa foi aproveitada por Lacerda Machado, o advogado foi firme: “claro que não”.
Os arguidos já começaram a ser identificados, mas dificilmente vão ser ouvidos ainda esta quarta-feira.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção de cinco pessoas e à constituição de arguidos do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta.
Este processo visa as concessões de exploração de lítio de Montalegre e de Boticas, ambos em Vila Real; um projeto de produção de energia a partir de hidrogénio em Sines, Setúbal, e o projeto de construção de um ‘data center’ na Zona Industrial e Logística de Sines pela sociedade Start Campus.
O primeiro-ministro, António Costa, é alvo de uma investigação autónoma do Ministério Público num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados, o que o levou a apresentar a sua demissão ao Presidente da República.
Segundo documentos a que a Lusa teve acesso, Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus.