Administração da Renault Cacia e trabalhadores sem entendimento à vista

renault cacia
Reivindicando melhores salários e o fim da precariedade laboral, os trabalhadores da Renault Cacia realizam ao longo desta quinta-feira uma acção de greve, mas em resposta a essas exigências a administração da Renault garante que as mesmas já foram atendidas que o caderno de reivindicações foi entretanto aumentado com novas exigências.
Em conferência de imprensa, Ricardo Oliveira, Director de Comunicação e de Imagem da Renault em Portugal, explicou que a administração já havia aceite as condições iniciais propostas pela Comissão de Trabalhadores – ou seja um aumento de 25 euros no salário – mas que, entretanto, o valor pedido já foi revisto em alta.
“Vocês sempre ouviram falar de 25 euros [de aumento]. Antes de sexta-feira passada já eram 30 euros. Hoje são 40”, começou por dizer Ricardo Oliveira aos jornalistas, acrescentando que também a exigência de integração de mais 50 funcionários nos quadros foi atendida, com 16 a integrarem os quadros já a partir de 1 de Junho e mais 40 numa fase subsequente. Ainda de acordo com o mesmo responsável, “a administração correspondeu ao que foi pedido, mas a cada ronda negocial a Comissão de Trabalhadores acrescenta novas exigências”.
Juan Requena, director dos Recursos Humanos da empresa em Cacia, alinhou pelo mesmo diapasão e argumentou que a proposta “em cima da mesa é razoável porque, para nós, o que não é razoável é estar constantemente a afastar o ponto possível de encontro. Isso não é normal a não ser que o objectivo seja manter uma situação de conflito por outras razões”.
O responsável de comunicação da marca francesa também salientou que a Renault Cacia é “a empresa que melhor paga no distrito de Aveiro, onde um operador em início de carreira recebe mais de 15.700 euros brutos anuais”.
Comissão de Trabalhadores contrapõe
Posição contrária tem a Comissão de Trabalhadores, que acusa a administração de violação de confidencialidade negocial e que refere ter existido da parte desta entidade um esforço para a obtenção de um acordo.
“É tudo mentira. Hoje estamos aqui porque a direcção assim o quis. Estávamos a negociar e a direcção pediu confidencialidade que não respeitou, difundindo um comunicado aos trabalhadores com mentiras”, é citado no site do jornal Público Hugo Oliveira, da Comissão de Trabalhadores da Renault Cacia.
Além disso, Hugo Oliveira respondeu às acusações tecidas pela administração de que a Comissão de Trabalhadores tem vindo a aumentar as condições do caderno de encargos, explicando àquele mesmo site que os funcionários estavam dispostos a aceitar uma proposta de 30 euros para dois anos, num valor fraccionado de 15 euros por ano.
Outro ponto em que as duas partes não chegaram a entendimento teve que ver com a integração dos prémios na remuneração fixa, algo que Hugo Oliveira refere que a ideia até partiu da Renault Cacia e não da Comissão de Trabalhadores, exigindo por isso a demissão da administração.
Sobre o facto de os trabalhadores daquela fábrica ganharam acima da média na região de Aveiro, apontado pela administração da Renault, o responsável dos trabalhadores concorda, mas apenas de forma parcial: “Os trabalhadores da Renault ganham acima da média, mas também é verdade que a Renault este ano triplicou os seus lucros em relação ao ano passado. É legítimo que numa situação em que a empresa cria riqueza a distribua também pelos seus trabalhadores e existe sim uma disparidade salarial, porque ganhamos muito menos do que os colegas espanhóis e franceses”, surge citado no Público.
Também da Comissão de Trabalhadores, Manuel Chaves referiu aos microfones da Antena 1 que a adesão à greve atingiu os 95%, contrapondo assim o valor aventado pela administração de que a greve não foi além dos 50%.
Neste contexto, as duas partes continuam sem chegar a uma plataforma de entendimento.






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