Governo coloca gestores sem experiência na administração da AMT com salários acima dos 9 mil euros

O Governo nomeou dois gestores sem experiência profissional no setor dos transportes para cargos de relevo na Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), entidade responsável pela regulação deste setor. Paula Braz Machado e Ricardo Ferreira Reis foram indicados pelo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, e irão ocupar, respetivamente, os cargos de vogal e vice-presidente na administração da AMT.

Paula Braz Machado, doutorada em Direito Fiscal e ex-adjunta do gabinete do secretário de Estado Adjunto Carlos Moedas, começou funções a 1 de novembro. Durante a sua audição na Assembleia da República, em outubro, reconheceu que o seu percurso está dissociado de qualquer setor económico específico, argumentando que essa ausência de ligação direta lhe confere “uma visão independente e desprendida” necessária para o cargo. No entanto, segundo o Correio da Manhã, a sua nomeação tem gerado controvérsia, com críticas a apontarem para a falta de experiência em transportes. A sua remuneração mensal, incluindo despesas de representação, é de 9273 euros.

Ricardo Ferreira Reis, economista e diretor do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica (CESOP), também foi aprovado pela Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) e será ouvido esta quarta-feira na Comissão de Economia, Obras Públicas e Habitação antes de assumir o cargo. O professor universitário, igualmente sem experiência no setor, receberá um salário mensal de 10 432 euros. A CReSAP considerou que ambos os nomeados possuem “competências técnicas e comportamentais” para desempenhar os respetivos cargos.

Desde 2021, a presidência da AMT é ocupada por Ana Paula Vitorino, antiga ministra das Infraestruturas do PS. Proposta para o cargo por Pedro Nuno Santos, então ministro do setor, Vitorino lidera a entidade com um salário mensal de 11 592 euros, incluindo despesas de representação. O seu mandato de seis anos está previsto terminar em agosto de 2027.

As recentes nomeações voltaram a suscitar debates sobre os critérios de escolha para cargos em entidades reguladoras. Críticos argumentam que as nomeações podem comprometer a eficácia da regulação no setor dos transportes, enquanto os defensores sublinham a importância da independência e da formação académica dos nomeados. A polémica reflete preocupações mais amplas sobre a transparência e mérito nas escolhas para a administração pública.






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