Acionista da Groundforce recusou proposta para pagamento de salários

O Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) disse hoje que o maior acionista da Groundforce, a Pasogal, não terá aceitado uma proposta para desbloquear as verbas para o pagamento dos salários dos trabalhadores, segundo um comunicado.

Assim, de acordo com a estrutura sindical, “terá sido proposto ao acionista maioritário da Groundforce, Alfredo Casimiro, da Pasogal SGPS, um desbloqueamento das verbas necessárias para o pagamento dos salários dos trabalhadores tendo como contrapartida e garantia do empréstimo as ações que o mesmo detém na empresa”.

“Tanto quanto sabemos essa proposta foi recusada, sendo que se mantém o impasse que de outro modo não terá fim à vista”, adiantou a estrutura sindical.

Na sexta-feira, o STTAMP denunciou que os cerca de 2.400 trabalhadores da Groundforce estavam a ser informados pela empresa de que os salários de fevereiro não vão ser pagos nos próximos dias.

“É lamentável que esta situação não tenha sido transmitida às organizações representativas dos trabalhadores em comunicação prévia face a um cenário de tal gravidade”, sublinhou o sindicato em comunicado, salientando que não se vislumbra o pagamento dos salários nos próximos 15 dias.

Na carta endereçada aos trabalhadores, e a que a Lusa teve acesso, o presidente do Conselho de Administração da Groundforce, Alfredo Casimiro, disse que a empresa não está em condições de pagar de momento os salários de fevereiro sem que esteja concluído o processo de empréstimo bancário.

O presidente da empresa diz que até agora a Groundforce tem conseguido sobreviver com o apoio da TAP, cumprindo as obrigações mínimas através de adiantamentos sobre serviços e a prestar no futuro.

No entanto, “o Conselho de Administração da TAP informou hoje [quinta-feira] não lhes ser possível conceder este auxílio que, acreditamos, seria o último antes da contratualização do empréstimo bancário com garantia de Estado”, refere Alfredo Casimiro na carta.

Hoje, a estrutura sindical critica o acionista, referindo que “um ano após o início da pandemia, e face à abrupta diminuição da atividade da empresa, que culmina numa séria e grave falta de liquidez para pagamentos de salários e fornecedores” este não colocou “um único cêntimo na empresa” nem participou “em qualquer uma das 13 reuniões de acompanhamento que decorreram entre a administração e os ORT [órgãos representativos dos trabalhadores], salvo na última reunião decorrida na passada sexta-feira, após já os trabalhadores terem tido conhecimento de que não iriam ser pagos os salários de fevereiro”.

“Os trabalhadores não podem ser campo de batalha numa guerra de acionistas”, disse ainda o sindicato.

O STTAMP disse ainda que “este é o tempo para que o acionista privado da Groundforce assuma as suas responsabilidades”, e que “sabendo que não terá qualquer capacidade financeira para o aprovisionando da empresa com a liquidez necessária para cumprir as obrigações, nomeadamente quanto ao pagamento dos salários dos trabalhadores, deve, pura e simplesmente abdicar da sua posição enquanto acionista, permitindo assim a entrada de capital na empresa”.

A estrutura sindical adiantou ainda que os “trabalhadores preparam-se para mostrar nos próximos dias, sobre todas as formas, o seu profundo descontentamento e indignação”.

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