Acidente ou sabotagem russa? Primeiras imagens do cabo de fibra ótica danificado no Ártico levantam (muitas) dúvidas

Em 2022, vários cabos submarinos na zona do arquipélago de Svalbard, na Noruega, apareceram danificados, interrompendo a ligação de Internet entre a península e o território norueguês. Agora, dois anos depois, a polícia publicou as primeiras imagens destes cabos danificados. Embora não existam provas conclusivas, as teorias sobre um possível sabotagem voltaram a ganhar força.

Apesar de a rede de Internet e a fibra ótica serem intangíveis, os milhares de dados que permitem a sua funcionalidade são na maioria transportados através de cabos submarinos. No passado, já ocorreram casos semelhantes de cabos danificados em zonas de conflito, como o incidente no Mar Vermelho há alguns meses, que afetou 25% do tráfego mundial de internet.

Com a publicação das imagens, o meio norueguês NRK consultou especialistas em cabos submarinos para obter uma avaliações e análise aos danos.

Estes especialistas concluíram que os danos se deveram ao aparente ‘esmagamento’ dos cabos. “Pode-se dizer que as imagens mostram danos causados por raspagem ou beliscão por um objeto que passou por cima ou ao longo do cabo. Isto pode ser, tipicamente, uma porta de arrasto ou algo que foi rebocado ao longo do fundo do mar”, explicou um dos especialistas, que preferiu manter o anonimato por razões de segurança.

Nem em 2022, nem agora, com a publicação das primeiras imagens do caso, foi possível estabelecer com certeza as causas do rompimento destes cabos, que os fez deixar de funcionar. Inicialmente, a polícia norueguesa suspeitava de atividade humana, mas a investigação foi abandonada por falta de provas.

Nesta zona, há períodos durante o ano em que os barcos de pesca utilizam a técnica de arrasto, e caso algum destes cabos não estivesse suficientemente enterrado, é possível que estas redes os danificassem. Contudo, algo que chamou a atenção da NRK e manteve vivas as teorias de possível sabotagem russa foi o facto de um barco arrastão russo ter cruzado o cabo de Svalbard mais de 140 vezes, incluindo mais de uma dúzia de vezes antes dos danos em janeiro de 2022.

Embora a polícia tenha interrogado os tripulantes desta embarcação, estes negaram qualquer envolvimento, e a polícia não conseguiu encontrar provas ou detalhes que implicassem uma intenção de sabotagem por parte da Rússia.

Tudo indica que este caso será encerrado sem resolução, já que não há provas conclusivas, e é importante considerar que este tipo de cabos frequentemente se danifica em várias partes do mundo. No entanto, muitas das partes envolvidas não estão satisfeitas com o resultado destas investigações e suspeitam de uma intenção deliberada de destruição.

Isto deve-se ao fato de que, apesar de ser uma zona remota no Ártico, este cabo constitui uma parte especialmente importante da infraestrutura espacial norueguesa, além de ser fundamental para as obrigações internacionais do país, segundo o Gabinete do Auditor Geral. esse aspeto levou alguns especialistas a sugerirem uma possível ligação com a guerra híbrida russa no mar.

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