Abusos sexuais na Igreja: Comissão Independente preocupada com fim da linha de denúncias que deixa vítimas sem apoio

A linha Dar Voz ao Silêncio de denúncias e apoio a vítimas de abusos sexuais na Igreja deixou de funcionar a 13 de fevereiro, altura em que a Comissão Independente deu como terminada a investigação aos casos em Portugal, e desde então nunca mais funcionou. O organismo está preocupado com a falta de respostas dadas a vítimas que queiram denunciar outros casos.

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) queria que o apoio passasse a ser prestado pelas estruturas eclesiásticas e comissões diocesanas, mas fonte da Comissão Independente diz que tal não irá acontecer, já que as vítimas não procuram a ajuda para falar nestes organismos. “É algo que já está provado, isso não vai acontecer”, afirma ao Diário de Notícias.

O número 91 711 00 00 já não tem resposta desde fevereiro, sendo que é possível deixar uma mensagem, que ninguém ira ouvir. Desta forma, a Comissão Independente está preocupada com a falta de apoios e os poucos avanços tomados desde então para colmatar a falha.

“Passaram quase dois meses e as vítimas de abusos sexuais na Igreja não têm um sítio a que possam recorrer. Continuamos sem resposta a este nível e é preocupante, quer sejam novas vítimas ou antigas”, alega a Comissão, que defende a criação de um novo organismo independente para ouvir vítimas, atuais e futuras.

A CEP diz que desde 2019 “todas as dioceses estão disponíveis para acolher qualquer denúncia de alegado abuso de menores ou de adultos vulneráveis, seguindo o manual da Santa Sé para estas situações”, mas a realidade apurada pela CI é que as vítimas não têm confiança para se dirigir a estas comissões diocesanas. Alguns testemunhos revelam abusadores entre os membros destes organismos diocesanos.

“Estamos a encetar contactos para a criação de um grupo responsável pelo acolhimento e acompanhamento das vítimas”, adiantou a CEP o mês passado, relativamente ao grupo que terá como coordenador nacional o ex-procurador-geral da República Souto Moura, que começou também a dirigir a comissão diocesana do Patriarcado de Lisboa.

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