A “missão de comunicação do BCE falhou” e deixou mercados em “pânico”
Depois de a Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, ter aberto as portas a um aumento das taxas em 2022 por forma a combater uma inflação recorde na Europa, especialistas definem a comunicação como falhada e banqueiros querem distanciar-se da palavra pânico.
“Só pode haver uma conclusão: a missão de comunicação falhou. Isso é ‘da paciência ao pânico'”, disse o economista do ING, Carsten Brzeski, numa publicação no Twitter, de acordo com a ‘Reuters’.
Os investidores têm como “farol” as palavras do BCE, são elas o seu ativo mais valioso no que respeita a gerir expetativas de mercado.
Depois de Lagarde ter descartado um aumento de juros, a comunicação recente levou a uma incerteza entre os decisores, e a um maior escrutínio do mercado.
Depois do anúncio da decisão, fontes próximas do assunto revelaram à ‘Reuters’ que uma minoria considerável de formuladores de políticas, que anteriormente adotam uma postura agressiva em relação à inflação, queria começar a reduzir os estímulos na reunião da passada quinta-feira.
“Lagarde entrou em pânico e mudou para o lado hawkish [hawk = falcão] para evitar um retorno à era Draghi de desacordo público (particularmente na Alemanha)”, disse Erik F. Nielsen, consultor-chefe de economia do UniCredit.
Nielsen acrescentou ainda que “se a instituição é liderada por um presidente oscilando entre os lados, é difícil dar uma mensagem consistente”.
As mensagens de Lagarde até agora não conseguiram acalmar os nervos do mercado, e as suas garantias de que o BCE tem muitas ferramentas para manter os spreads sob controlo também não tranquilizaram os investidores.