A Euribor vai subir: o que podemos fazer?
Desde 2015, para os prazos de 3 e 6 meses e de 2016, para prazos de 12 meses as taxas Euribor têm estado em terreno negativo, apresentando alguma volatilidade recente, perante a pressão da situação na Europa provocada pela guerra na Ucrânia e de o BCE – Banco Central Europeu ter admitido atualmente, num quadro de manutenção da inflação em alta por mais tempo, ser possível uma subida das taxas de juro diretoras ainda este ano.
A evolução das taxas de juro Euribor depende fundamentalmente da oscilação, ou seja, das subidas ou descidas das taxas de juro diretoras do BCE – Banco Central Europeu.
A inversão da tendência descendente já começou a sentir-se no mercado, sendo expectável que taxas de juro comecem a subir, embora de forma gradual e lenta, a partir do final de 2022. Logo, o impacto do aumento da Euribor nos créditos à habitação poderá começar a verificar-se no segundo semestre deste ano.
Perante o atual contexto de crise e a perspetiva existente de estagflação, ou seja, de inflação conjugada com reduzido crescimento económico e em que os aumentos salariais não acompanharam o crescimento dos preços, as famílias poderão ter de enfrentar nova subida das prestações de crédito.
Nos contratos de crédito à habitação com taxa variável, a taxa de juro resulta da soma do indexante com o spread.
Em Portugal o indexante mais utilizado nos empréstimos à habitação é a Euribor, que é a taxa de referência do mercado monetário interbancário e que resulta da média das cotações fornecidas por um conjunto de bancos europeus.
As famílias devem, pois, preparar-se para novo aumento dos seus encargos com as prestações de crédito, seja para crédito à habitação ou créditos indexados à Euribor, num cenário de subida desta taxa.
A DECO deixa algumas dicas que poderão ajudar nesse caminho de adaptação:
● Comece por calcular a sua taxa de esforço, ou seja, o peso dos créditos no rendimento mensal líquido. Se ultrapassar 35% pode ser um sinal de alerta e deve atuar;
● Confirme qual o spread do seu crédito. Se for alto, tente negociar com o banco e analise a possibilidade de passar para uma taxa de juro fixa, avaliando o eventual impacto;
● Se tiver disponibilidade financeira, equacione amortizar parte do empréstimo.
Finalmente, e se perspetiva que não vai conseguir acomodar eventuais aumentos das prestações, tente negociar com o seu banco e encontrar uma solução satisfatória, antes mesmo de entrar em incumprimento. Tenha, no entanto, presente que as maturidades máximas aconselhadas pelo Banco de Portugal não devem ir além de 40 anos e só para quem tenha menos de 30 anos de idade, pelo que terá de negociar prazos inferiores.