A energia nuclear pode crescer na Europa? Sim e não, porque falta mão-de-obra

A crise energética que assola a Europa desde 2021 e se intensificou com a guerra na Ucrânia está a impulsionar um retorno significativo à energia nuclear no continente. Convencidos da necessidade de uma infraestrutura energética robusta e menos dependente de combustíveis fósseis, vários países europeus estão a planear expandir drasticamente a sua capacidade de produção nuclear nos próximos anos.

Atualmente, 25 países em todo o mundo, incluindo metade dos países europeus, têm planos concretos para triplicar a sua produção nuclear. No entanto, apresenta-se um desafio crucial: a escassez de mão-de-obra qualificada. A procura por engenheiros e técnicos especializados na indústria nuclear está em alta, enquanto os países lutam para encontrar profissionais dispostos e capacitados para atender às suas necessidades, revela o ‘elEconomista’.

França, conhecida pela sua robusta presença nuclear, pretende construir até 20 novos reatores nas próximas décadas, com custos estimados em dezenas de milhares de milhões de euros. No entanto, a EDF, a gigante elétrica francesa, enfrenta um défice preocupante: a necessidade iminente de 100.000 novos trabalhadores, dos quais 25.000 podem não ser preenchidos devido à falta de profissionais qualificados.

No Reino Unido, o compromisso de quadruplicar a sua capacidade nuclear até 2050 exige um influxo de 123.000 novos trabalhadores na próxima década. O governo britânico, em parceria com empresas como EDF, BAE Systems e Rolls Royce, está a investir para melhorar as qualificações da mão-de-obra existente e atrair novos talentos.

Na Suécia, com planos de expandir a sua capacidade nuclear para cobrir a procura crescente de energia, a necessidade por dezenas de milhares de novos trabalhadores é uma realidade que não pode ser ignorada. No entanto, o país enfrenta um desafio semelhante aos seus vizinhos europeus: a formação insuficiente de engenheiros especializados em energia nuclear.

Enquanto a Europa procura diversificar as suas fontes energéticas e reduzir a sua dependência de energia importada, a indústria nuclear surge como uma opção viável, apesar das preocupações históricas com segurança e sustentabilidade. O investimento em educação e formação será crucial para suprir a necessidade crescente por profissionais capacitados, enquanto os governos e empresas se esforçam para mitigar os desafios logísticos e financeiros associados a projetos de grande escala.

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