“A eficiência, talento e inovação são os fatores principais” para o crescimento das empresas e do país, diz Paulo Macedo

Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Depósitos, abriu a XXIV Conferência Executive Digest como keynote speaker, onde abordou temas como governance, gestão, transição energética, talento, oportunidades que Portugal não pode perder.

O Presidente da Comissão Executiva da CGD começou por sublinhar que partimos de um cenário pouco favorável, com um grande crescimento nas décadas de 50 e 60, e depois um crescimento anémico, “basicamente foram 20 anos sem crescer”.

E que políticas precisamos de implementar para alcançarmos este crescimento, questionou. Este crescimento tem como base as pessoas, devendo o país aumentar e adequar as qualificações dos portugueses face aos desafios do futuro. Por outro lado, as empresas, que criam a riqueza, onde o país deve apoiar a criação, desenvolvimento e escala das empresas nacionais. E também na vertente do Estado e na melhoria do seu desempenho enquanto promotor da criação de riqueza para a sociedade.

Paulo Macedo apontou os dados de um estudo que mostra que 1% das empresas é responsável por 65% das exportações nacionais. São estas que dão empregos a doutorados, que mais investem em I&D e as que pagam os melhores salários. “Temos também boas empresas que se destacam, mas são principalmente as maiores empresas que o fazem”, e é necessário apoiar estas empresas a alcançarem este crescimento, e isto faz-se com políticas.

Outro aspeto menos falado, apontou, é a governance, “porque todos os casos que vemos diariamente na televisão são de governance”, quer seja de grandes empresas, no fit&proper, nos conflitos de interesse, no relacionamento, de dinâmicas, que dão corpo às relações numa entidade que se quer organizada. “Temos visto falhas sistemáticas, e não é apenas um caso português”.

 

Criação de valor e oportunidades de crescimento

“A maior parte das empresas não sabe hoje como criar valor, sabem o que vendem, onde fazem dinheiro”, considera Paulo Macedo, e a governance passa em primeiro lugar pelas pessoas, pela arquitetura, pelas estruturas e processos e pelas dinâmicas”, sublinhou.

Paulo Macedo voltou a sublinhar o foco que deve ser dado à governance, “o aspeto menos falado, mas é uma oportunidade indispensável para alcançar o crescimento”.

Deu ainda destaque à questão da gestão, onde sublinha que vemos um conjunto de riscos, “o problema é conseguirmos mitigá-los”. É interessante ver a evolução, em 2021 um dos principais riscos era a pandemia de Covid-19, por exemplo, quando em 2023 se destacam temas como a energia e a crise alimentar. “A questão da incerteza e dos riscos geopolíticos estão agora em foco para o futuro”.

Neste âmbito, Paulo Macedo sublinhou que cerca de 70% das empresas está novamente a olhar para os custos, mas de uma forma diferente, através da eficiência e processos, e com menos percentagem a aposta no talento, inovação, financiamento, entre outros. “A eficiência, talento e inovação são os fatores principais” para não o crescimento das empresas e do país, considera.

Já no que respeita ao papel do Estado no percurso de crescimento do país, sublinhou a importância de melhorar o desempenho deste enquanto promotor da criação de riqueza para a sociedade.

Sublinhou a importância de criação de uma área de compliance na esfera da Administração Pública, ou a melhoria do processo de recrutamento e seleção de candidatos para a administração pública, ou ainda a criação de controlos tendo a vista a redução dos timings de decisão dos organismos públicos.

 

Mais pontos de crescimento

O Presidente da Comissão Executiva da CGD destacou ainda as oportunidades de Portugal no que respeita à transição energética.

Temos um posicionamento privilegiado quando à questão energética, desde as condições naturais e acesso a matérias primas, a questão dos custos de trabalho, ou seja, como compara com a EU, temos grandes infraestruturas para apoiar esta transição, com grandes indústrias já criadas, bem como um elevado potencial para a economia azul.

“Com estes fatores, a Península Ibérica está bem posicionada”, sublinha.

Já no que respeita ao Talento, Paulo Macedo alerta que temos dos piores resultados na UE nas práticas de gestão. Isto passa pelas grandes empresas e pela importância de ter quadros qualificados e requalificados.

“As melhores práticas de gestão estão positivamente associadas a níveis mais eelvados de educação. Estamos evoluir bem, mas saem de Portugal quase 20 mil licenciados por ano desde 2016”, alerta, destacando a necessidade de fixar talento no nosso país.

Assim, para não desperdiçarmos oportunidades de crescimento, é necessário atuar de uma forma simultânea em três dimensões, no modelo organizacional e operacional, no talento e competências, e também na cultura e mudança.

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