“A capacidade de oferecer flexibilidade de pagamento é uma vantagem competitiva significativa para os comerciantes”, explica o responsável para a Península Ibérica da FLOA

Esta prática, que permite dividir o custo de uma compra em parcelas menores, está a redefinir o cenário financeiro, oferecendo conveniência e flexibilidade sem precedentes.
Alexandre Carrera Lejeune é, actualmente, responsável para a Península Ibérica da FLOA, subsidiária do Grupo BNP Paribas e especialista em pagamentos fraccionados, que desenvolve serviços financeiros inovadores de Buy Now Pay Later (BNPL) para consumidores e comerciantes.
Conta com mais de 20 anos de experiência nas áreas da transformação digital, desenvolvimento de negócios internacionais e marketing, tendo já ocupado cargos de gestão e liderança internacional na L’Oréal e no Grupo BPCE.
Em conversa com a Risco, o responsável explicou em que consiste a solução BNPL, e de que forma os pagamentos fraccionados estão a revolucionar a gestão orçamental dos portugueses e das empresas.

Como encarou o desafio de transitar de country manager para head of Iberia Territory da FLOA?
Com o apoio e confiança da Direcção da FLOA ao apresentar-me esta oportunidade, encarei a transição para responsável para a Península Ibérica da FLOA da única forma que me seria possível: com entusiasmo e bastante expectante pelo futuro promissor que nos espera.
Estamos bastante focados na internacionalização, pelo que os mais de 20 anos de experiência profissional com que já conto, tanto em grandes empresas como em startups, deram-me ferramentas distintas e complementares para agora agarrar todos os desafios e continuar a contribuir para o crescimento da FLOA. 

Como é que os pagamentos fraccionados estão a transformar a forma como as pessoas consomem e pagam por produtos e serviços?
Tanto os consumidores como os comerciantes beneficiam com a implementação do BNPL. Com a opção de fraccionar os pagamentos, as pessoas têm mais flexibilidade e controlo da gestão orçamental, pois não é necessário de imediato pagar o valor total da compra. Esta flexibilidade possibilita a compra de produtos de melhor qualidade com um melhor impacto ambiental, que geralmente tem preços mais elevados. Para os comerciantes que oferecerem o método de pagamento BNPL, observamos um aumento nas suas vendas, bem como no ticket médio, e mais fidelização por parte dos clientes. É realmente uma solução de pagamento win-win! O papel da FLOA é simplificar o pagamento fraccionado, para que o cliente tenha, assim, a melhor experiência possível.

E em que consiste concretamente a solução BNPL e como está a ser recebida pelos portugueses?
A nossa solução de pagamento digital BNPL oferece novas opções de pagamento, que permitem que o consumidor possa fraccionar os seus pagamentos em três ou quatro vezes, num prazo máximo de 90 dias sem qualquer custo adicional, ou até efectuar o pagamento apenas 30 dias após a compra, sem a necessidade de criar uma conta, instalar uma aplicação ou apresentar documentos.
Através destas soluções pretendemos então entregar aos portugueses uma ferramenta que permite uma mais flexível gestão do orçamento e melhor capacidade de lidar com despesas imprevistas.
É inegável o facto de que os consumidores valorizam alternativas inovadoras que facilitem a gestão dos seus orçamentos. Desta forma, e já sendo Portugal o terceiro país, a nível europeu, que mais recorre ao pagamento fraccionado – de acordo com conclusões do nosso estudo levado a cabo em parceria com a Kantar –, a adopção deste género de soluções não só tem vindo a ser bem recebida como antecipamos que continuará a crescer.

Numa era marcada por um aumento brutal da inflação que impacta as carteiras dos portugueses, os pagamentos fraccionados surgem como alternativa?
No nosso ponto de vista, os pagamentos fraccionados desempenham um papel crucial – diria até revolucionário – numa era marcada pelo aumento generalizado de preços e pelo consequente aperto no orçamento familiar de grande parte das famílias portuguesas.
Em tempos de pressão financeira, oferecer aos consumidores a opção de dividir os seus pagamentos em três ou quatro fases sem quaisquer juros é, sem dúvida, uma estratégia eficaz para aliviar o impacto financeiro imediato, sendo exactamente este o nosso maior objectivo – facilitar a tomada de decisão e o processo de compra.
Além disso, a capacidade de oferecer flexibilidade de pagamento é, efectivamente, uma vantagem competitiva significativa para os comerciantes. Num mercado onde os consumidores estão cada vez mais conscientes dos seus gastos e procuram opções que se adaptem às suas necessidades financeiras, os comerciantes que não oferecem soluções de pagamento flexíveis podem correr o risco de perder espaço de mercado para concorrentes mais adaptáveis. Aliás, os dados recolhidos do nosso estudo realizado em parceria com a Kantar demonstram exactamente isto – em 2022, um em cada três portugueses afirmaram já ter mudado de comerciante por este não apresentar métodos de pagamento flexíveis.

Como vê o papel das fintechs na indústria bancária?
As fintechs são, sem sombra de dúvidas, muito mais do que um mero complemento aos serviços dos bancos tradicionais – têm vindo a tornar-se soluções disruptivas e inovadoras cada vez mais benéficas para o sector.
Estas empresas têm desempenhado um papel crucial no que diz respeito à introdução de novas tecnologias e abordagens, tornando os serviços financeiros mais acessíveis, convenientes, personalizados e, acima de tudo, cada vez mais digitais. Além disso, as fintechs têm a capacidade de inovar rapidamente, tirando proveito de tecnologia de ponta para oferecer serviços que atendam às necessidades dos seus utilizadores.
Assim, acredito que as fintechs são efectivamente uma força positiva na indústria bancária, complementando os serviços tradicionais e contribuindo para uma evolução da indústria bancária como um todo.

E no que respeita a questões de segurança e privacidade dos dados dos clientes?
Na FLOA estamos em constantes avanços no que diz respeito à tecnologia que utilizamos, incluindo Inteligência Artificial, com vista a contribuir para a contínua melhoria da segurança, tanto das nossas plataformas online como de todas as transacções digitais. Além disso, a questão da segurança e protecção de dados é de extrema importância para nós, assim como para o Grupo BNP Paribas, com quem compartilhamos este compromisso. Como resultado, conseguimos reduzir em 30% o número de tentativas de fraude nos pagamentos digitais processados pela FLOA.

Quais são os principais obstáculos regulatórios que as fintechs enfrentam?
Trabalhar no sector financeiro é de grande responsabilidade, pelo que é fundamental que as fintechs procurem garantir o cumprimento de regulamentações relacionadas com a protecção e privacidade de dados do consumidor e à prevenção de burlas e fraudes. O custo e a complexidade do cumprimento destas regulamentações podem representar desafios significativos, especialmente para startups com recursos mais limitados.

Quais as perspectivas de futuro para o sector dos pagamentos fraccionados?
Posso afirmar com alguma certeza que a adopção de soluções de BNPL na Europa – e em Portugal – não é apenas uma mera tendência, veio mesmo para ficar. Em linha com a crescente procura por métodos de pagamento flexíveis, a expectativa é efectivamente que a procura por BNPL continue a crescer à medida que um maior número de pessoas começam a reconhecer os benefícios de poder dividir pagamentos em prestações sem juros, com uma experiência simplificada, para uma melhor gestão orçamental e compra de produtos ou serviços que sejam necessários no imediato. 

Ler Mais





Comentários
Loading...