XV Conferência ED: A caminho de um Blockchain mais justo
Por detrás daquilo que é o Blockchain, existem duas teorias base que sustentam todos os novos desenvolvimentos relacionados com esta tecnologia. Srinivas Devadas, webster professor of EECS no MIT, esteve esta manhã na XV Conferência Executive Digest para explicar quais as principais diferenças entre ambas e qual o desafio que os profissionais do sector encontram neste momento.
Tudo se resume à palavra “consenso”. Segundo o académico, o consenso é importante nas mais diversas circunstâncias, incluindo as mais rotineiras – como onde jantar. Com a Bitcoin, que assenta em Blockchain, esta ideia foi levada a um novo nível: «Se todos concordamos em quanto dinheiro temos, temos uma moeda», conta Srinivas Devadas, avançando que a criptomoeda é uma evolução digital desta lógica.
Mas, atenção, consenso não significa que literalmente todos concordem. Pode ser simplesmente uma maioria, como acontece com as eleições.
Determinado o significado de consenso, resta saber quais os diferentes tipos. E é aqui que entram as duas teorias base que alimentam o Blockchain. Uma delas é da autoria de Nakamoto e estabelece que todos podem fazer parte, o que gera um problema significativo: qualquer pessoa poderá falsificar entradas (votos) através de bots e contas falsas, tomando conta da maioria de forma fraudulenta.
De que forma resolveu Nakamoto este problema? Com uma ferramenta a que chamou Proof of Work assegurou que todos os que querem participar na construção da cadeia que é o Blockchain, especialmente quando em causa está uma criptomoeda como a Bitcoin, têm de provar que existem.
Restam, porém, outros problemas para os quais não encontrou solução. Devido ao Proof of Work, as transacções através destas moedas são muito demoradas, podendo ser necessária uma hora para pagar um café, por exemplo. Além disso, esta prova faz com que o consumo de energia seja gigante: dados de há um ano apontavam o Blockchain como equivalente ao 50.º país do mundo que mais energia consome.
A segunda teoria é a Byzantine. Por um lado, é muito mais rápida (em vez de uma hora, a transacção poderá demorar apenas um minuto). Por outro, não apresenta um sistema justo, uma vez que somente um grupo restrito poderá participar.
O desafio, segundo Srinivas Devadas, é juntar estas duas teorias, unindo o lado democrático e igualitário de Nakamoto ao lado mais rápido de Byzantine. O resultado será um protocolo mais justo, uma espécie de “Permissionless Byzantine Consensus”.
Mas estaremos perto de o conseguir? Srinivas Devadas acredita que sim, estando a trabalhar numa nova hipótese em parceria com Ling Ren – o protocolo Solida.
Texto de Filipa Almeida