A austeridade está de volta? Economistas apontam dificuldades e diminuição do poder de compra

Portugal enfrenta um período de incerteza. Uma “tempestade perfeita” composta pelo chumbo de um Orçamento de Estado, consequentes eleições, pandemia, o cenário geopolítico mundial e, principalmente, uma taxa de inflação recorde no país trouxeram à discussão um termo muito conhecido dos tempos da Troika, “austeridade”.

De acordo com os economistas, há uma preocupação com o poder de compra dos portugueses, visto que os aumentos dos salários não acompanham o aumento da taxa de inflação.

“Objetivamente não há diferença entre cortar nos salários ou os salários crescerem abaixo da inflação… e neste caso se temos uma inflação e os salários a não acompanharem a inflação, há uma redistribuição do rendimento contra os trabalhadores”, diz o economista Luís Aguiar Conraria em declarações à ‘SIC Notícias’.

Por sua vez, o economista Luís Duque sublinha que o facto de os preços não serem uniformes em todos os bens e serviços, faz com que “aqueles que menos ganham estão mais ancorados a preços que têm aumentado mais, como é o caso da energia e dos bens alimentares”, bens que os mais pobres não conseguem eliminar, e que pesam muito na sua carteira.

Para Luís Duque, faria sentido aumentar um pouco mais os salários, não de acordo com a inflação, mas a num nível intermédio.

Por exemplo, na Administração Pública, com a inflação a rondar os 4% e aumentos nos salários de 0,9%, num ordenado de 1000 euros líquidos a perda do poder de compra ronda os 30 euros por mês, explica a ‘Sic Notícias’.

Já o setor privado, se não houver aumentos, um trabalhador com um salário de 1000 euros perde mensalmente 40 euros de poder de compra por causa do aumento dos preços.

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