80% das empresas têm um propósito definido, mas a grande maioria não envolveu funcionários e clientes
Um estudo realizado pela LLYC em Portugal, Espanha e América Latina concluiu que, apesar de 81% das empresas afirmarem já ter um propósito definido e de 88% considerar importante ouvir os seus stakeholders, apenas uma minoria envolveu os colaboradores (27%) e os clientes (9%) na definição do seu propósito corporativo.
Desse número total de empresas com um propósito, 26% referem ter definido esta “missão” há dois anos ou menos tempo, indicou a empresa numa nota enviada esta terça-feira à comunicação social.
Para o referido estudo, a consultora de comunicação inquiriu mais de 80 CEO de empresas em vários mercados e de diferentes setores de atividade entre 10 de fevereiro e 2 de março de 2021, com o objetivo de conhecer a visão da liderança das organizações.
“A crise sanitária aumentou a atenção das empresas em relação ao seu contributo para os grandes desafios sociais. Muitas organizações aproveitaram este momento para reformular e ativar o seu propósito – que serviu de apoio à sua estratégia de negócio. O maior desafio, contudo, foi conseguir efetivar e viver este propósito, uma vez que na maioria dos casos não é partilhado com os diferentes stakeholders da empresa”, explicou Tiago Vidal, um dos responsáveis pelo estudo e Sócio e Diretor Geral da LLYC em Portugal.
No estudo “Propósito Partilhado: Um caminho para ultrapassar a crise” é referido que a maioria das empresas afirma definir o seu propósito corporativo de forma unilateral, excluindo os stakeholders. “Apenas 27% das empresas consultaram os seus colaboradores e somente 9% o fizeram com os seus clientes.
Assim, ainda que 88% dos inquiridos tenham apontado como muito importante para os stakeholders a formulação deste propósito, só uma percentagem baixa o fez consultando aqueles que mais influenciam a sua reputação corporativa”, pode ler-se no documento.
“Esta realidade torna-se evidente quando se verifica um desalinhamento entre os assuntos sobre os quais comunicam de forma proativa e as expetativas dos cidadãos. A diferença mais fraturante diz respeito à sustentabilidade ambiental, onde se pode concluir que as empresas dão significativamente mais importância ao tema do que o cidadão/ consumidor comum. Isto é, um em cada quatro tweets corporativos centra-se nestas questões, deixando de parte temas como o combate à pobreza, a saúde e a justiça social, debates que têm vindo a ganhar mais peso online e que são pouco recorrentes em conteúdos sociais corporativos”, é ainda referido.
Ainda que a maioria das empresas tenha o seu propósito definido, é ainda muito desafiante para avaliar o seu desempenho: 50% revela não ter indicadores ou objetivos para medir a performance do seu propósito corporativo, ainda que 95% refira que este propósito está bastante ligado à sua estratégia de negócio.
Nas palavras de Tiago Vidal, o “estudo veio mostrar-nos de forma clara que não basta às organizações terem um propósito. É preciso dialogar de forma bilateral com os stakeholders, integrar as várias perspetivas neste exercício, assim como a própria estratégia de negócio e a comunicação da empresa. E, claro, ter indicadores que permitam medir o seu progresso em todas as áreas porque o propósito pode ser algo tangível e como bastante impacto na performance da empresa e na sua legitimação social”.