75% das empresas pedem ao Governo redução de impostos e 65% reclamam mais apoios diretos, revela CIP
As empresas portuguesas não consideram que os programas de apoio do Estado estejam em linha com as suas reais necessidades, e reivindicam mais apoios. O Barómetro da CIP, em parceria com o ISCTE, revela que 75% das empresas portuguesas defendem que o Governo deveria estar ao lado das empresas, reduzindo os impostos, sobretudo o IVA e o ISP, permitindo reduzir custos operacionais. “O Estado não está a ter em conta os custos operacionais que as empresas estão a suportar”, sublinhou hoje Armindo Monteiro, vice-presidente da CIP, em conferência de imprensa.
A análise mostra também que as despesas com energia representam 16% dos custos operacionais, e 65% das empresas pede mais apoios diretos. Ainda, 88% das empresas considera que os programas de apoio estão aquém ou muito aquém do que seria desejado, com 69% a indicar que o Plano de Recuperação e Resiliência não terá qualquer significado para os seus negócios. O vice-presidente da CIP refere que é “extremamente frustrante” o Governo continuar a não ouvir as preocupações das empresas e insta-o a delinear planos mais adequados.
No que toca aos acessos aos apoios, 73% das empresas considera que o processo é demasiado burocrático, levantando muitos obstáculos e afastando muitas empresas desses apoios. Os dados mostram que 27% das empresas já se candidataram ao PRR, sendo que dos 73% que não se candidataram, 38% dizem não serem elegíveis, 20% dizem não necessitar, 23% dizem que poderão ainda vir a candidatar-se e 3% apontam a complexidade burocrática do processo como fator para não se candidatarem. Também, 96% das empresas dizem estar já em pleno funcionamento, com 4% em funcionamento parcial.
Quanto a custos operacionais, as empresas referem que registaram um aumento de 15% em março, face a janeiro, com 79% a preverem mais aumentos nos próximos meses. Ainda, 76% das empresas apontam como razão dos aumentos dos custos operacionais a guerra na Ucrânia.
Para o segundo trimestre, o estudo aponta que 43% das empresas preveem aumentos da ordem dos 25% nos volumes de vendas, face ao período pré-pandemia, com 46% a planearem manter os níveis de investimento e 72% a projetarem a manutenção do número atual de postos de trabalho.
Apesar de os números permitirem algum otimismo, Armindo Monteiro diz que as empresas têm amortizado os impactos da inflação na economia nacional, às custas das suas margens de lucro, mas avisa que isso poderá não durar para sempre, reforçando as exigências de mais apoios por parte do Governo, que “não deve ser competidor na atração de retenção de riqueza, mas sim um distribuidor”.