19.ª Conferência da Executive Digest. ‘Cloud’ ganha terreno entre os CEO de todo o mundo
A 19.ª Conferência da Executive Digest, subordinada ao tema “Os Imperativos da Transformação Digital – Estratégias, Oportunidades, Riscos & Mitos”, decorreu esta quinta-feira, de manhã, e reuniu um vasto grupo de especialistas para debater e partilhar desafios e oportunidades que esta temática encerra.
Vanda Gonçalves, managing director da Accenture, responsável pela área de tecnologia na indústria financeira, e da iniciativa Journey to Cloud, foi a keynote speaker deste evento e trouxe todo o potencial de um dos principais pilares desta transformação – a ‘cloud’ (nuvem), para o centro das reflexões, considerando, desde logo, que se tratar de “um elemento fundamental nesta estratégia”.
Com a elevada penetração desta solução no mercado global, atualmente já é possível ter uma ideia sobre o grau de concretização e satisfação das organizações. Segundo um estudo recente desenvolvido pela Accenture, em 17 países, 94% dos executivos, consultados no espectro mundial, revelaram ter alguma ligação à ´cloud’, sendo que a grande maioria das empresas manifestou ter intenção de ter esta ligação.
A responsável recordou que as previsões, de há três anos atrás, já apontavam para que em 2021 as empresas tivessem já tudo ligado à ‘cloud’ e em 2020 tivessem direcionado 50% dos seus gastos com IT para soluções na ‘cloud’, e conseguissem reduzir em 20% os custos com aplicações fora da ‘cloud’. Mas, na verdade e com a chegada da inesperada pandemia, “já foram feitas coisas em meses que estavam previstas ser feitas em anos e aquilo que era uma ambição passou a ser um imperativo, algo crítico para que se avance porque é fundamental para que as empresas possam viver num contexto de grande incerteza que agora vivemos”, reforçou a especialista.
Apesar da grande maioria das empresas assumir que já trabalha muito na ‘cloud’, o estudo revela que o fluxo é ainda baixo e por isso “há ainda muito caminho a percorrer”, ressalvou. Se para mais de metade dos executivos a estratégia adotada é a híbrida, ficam niveladas as escolhas que se dividem entre as opções públicas e privadas.
Ao tentar perceber a perceção dos resultados que os executivos já tinham alcançado com a ‘cloud’, a concretização portanto, 83% já tinham obtido quase todos os resultados e apenas 37% tinham alcançado todos os resultados desejados nas várias dimensões de análise, sendo que se prendem essencialmente com a redução dos custos e com a velocidade e rapidez, bem como com a facilidade de lançar novos serviços e produtos, o nível de serviço e ainda com tudo o que têm a ver com a resiliência do negócio. “Sendo que este último tópico passou a ter uma importância muito maior este ano, quando comparado com os anos anteriores mas o item que reúne maior satisfação é mesmo o da velocidade”, destacou.
Foi ainda possível apurar, atendendo aos diferentes níveis de adoção da ‘cloud’, que entre os executivos com maior adoção, cerca de 46% dizem ter alcançado resultados completos, em contraponto com 28%, entre aqueles que têm uma menor adoção. Aliás, em todos os itens avaliados, a percentagem é sempre superior sempre que os executivos têm uma maior adoção desta solução.
Concretização, a palavra chave
A análise focou-se ainda na importância da concretização da ‘cloud’ noutras dimensões centrais para o negócio: incerteza, risco e sustentabilidade.
Assim para cerca de 80% dos executivos a ‘cloud’ é vista como um meio para mitigar o risco do negócio, sendo que ainda existem 21% a dizer que não vê de todo como pode ajudar nesta situação. Em termos de sustentabilidade, para 87% a ‘cloud’ é crítica para atingir os objetivos que têm.
Quanto à avaliação da satisfação, em comparação com a concretização, a média baixa, com 45% dos executivos a afirmar que atingiram os resultados mas não estão totalmente satisfeitos. Aqui, há uma vez mais, uma diferença entre os níveis de adoção. No mais alto, 55%, em média, estão satisfeitos com as iniciativas que desenvolveram na ‘cloud’, e na adoção mais baixa, são cerca de 35%. “Quando focamos na satisfação é curioso que o item que maior avaliação é o nível de serviço e a rapidez de ação”, reforçou.
Por último, quanto à utilização de parceiros, o estudo mostra que 62% já recorrem “de forma intensa ou moderada”, enquanto 37% resolve tudo internamente. Neste caso, quando há uma maior adoção a percentagem é de 29% e num nível inferior de adoção da ‘cloud’ e de 3%.
Com base nesta caracterização, Vanda Gonçalves mostrou-se assim convicta de que existe hoje “uma perceção clara, entre os executivos, que este é o caminho, destacando-se a evolução da satisfação ano após ano. Mas a questão que agora se coloca é: porque é que não se consegue tirar mais, acelerar mais nos proveitos que se podem tirar?”.
Depois de questionarem os executivos sobre as barreiras que ainda existem, é possível concluir que para mais de metade dos CEO (54%) o problema prende-se com a falta de recursos, com competências adequadas; para 45% dos CFO com as estruturas pesadas e obsoletas; 47% dos COO a complexidade tecnológica e a mudança organizacional; 46% dos CIO é o desalinhamento entre o negócio e as IT; e para 55% dos CTO são os riscos de segurança e ‘compliance’.
Assim, o futuro (que é hoje) passa por encontrar formas de maximizar a utilização da ‘cloud’ numa transformação digital que vai muito mais além da tecnologia e que traz exigências tão diversas como as competências ou a aposta em novas funções. A jornada da ‘cloud’ vai assim ter de ser feita com formas de criar valor, inovação, entrega, agilidade, otimização de custos, transparência e geração de receita.