180 euros por 68 horas de trabalho. Uber Eats investigada em Itália pela alegada exploração de migrantes

Dez pessoas, incluindo um diretor de operações da Uber em Itália, estão a ser investigadas pela alegada exploração de trabalhadores migrantes, conforme indica o The Guardian.

Segundo os procuradores, os funcionários foram “sujeitos a condições de trabalho degradantes, recebiam apenas três euros por viagem”, e tiveram as suas gorjetas confiscadas.

O caso, que se concentra na Uber Eats, levou um tribunal de Milão a colocar a Uber de Itália em ‘cheque’, em maio passado, pela alegada exploração de trabalhadores das equipas de entregas.

Os procuradores detalharam que os funcionários eram “migrantes extremamente vulneráveis e requerentes de asilo de zonas de conflito, como Mali, Nigéria, Costa do Marfim, Gâmbia, Paquistão, Bangladesh”.

É ainda alegado que um emigrante, que trabalhou como condutor durante uma semana em maio, num total de 68 horas, ganhou apenas 179,50 euros.

“O meu salário era sempre de três euros por entrega, independentemente do dia ou da hora”, alegou um migrante aos promotores de justiça, citado pelo The Guardian.

Segundo o procurador que lidera a investigação, Paolo Storari, os condutores também foram “roubados” de gorjetas voluntárias deixadas por alguns clientes. Alguns migrantes foram “punidos” com uma “redução arbitrária na sua compensação se violassem os termos do seu acordo”.

Entre os indivíduos a serem investigados encontra-se a gerente de operações sénior da Uber Itália, Gloria Bresciani. Entre as dez pessoas sob investigação estão figuras superiores de várias empresas intermediárias não identificadas que recrutaram trabalhadores migrantes para a Uber Itália.

De acordo com os investigadores, a primeira vaga da covid-19 na Lombardia e a subsequente procura de entrega de alimentos ao domicílio resultou numa “avalanche descontrolada de recrutamento” de condutores.

A exploração foi agravada “pela emergência sanitária, na sequência da qual a utilização de condutores aumentou progressivamente devido às restrições impostas à livre circulação de indivíduos” durante o confinamento.

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