1200 euros por 12 horas de trabalho e motorista privado: SNS contrata médica do Porto para evitar fecho de urgência em Loures

Uma médica do Porto, especialista em Ginecologia, foi contactada para substituir uma colega no Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, a mais de 300 km, que por não poder ser cumprida a escala noturna, obrigaria a encerrar a urgência desta especialidade, devido à falta de médicos.

O caso ocorreu a 13 de junho, segundo a CNN Portugal, que adianta que não é caso único. A Direção Executiva do SNS (DE-SNS) admite que está a contratar médicos do Norte ao dia para que vão para Lisboa completar falhar nos turnos das urgências, com o objetivo de evitar o encerramento destes serviços, em especial os blocos de partos.

No entanto, os preços pagos à hora a estes médicos chegam aos 100 euros por hora, o dobro do que é pago aos clínicos que estão nos respetivos hospitais. A realidade está a causar desconforto entre a classe profissional.

No caso da médica que veio do Porto para Loures, acresce que a deslocação foi feita num carro com motorista de um organismo sob alçada do Ministério da Saúde. Esta médica relata que chegou a acordo com a administração do Hospital de Loures e que recebeu 1200 euros para fazer o turno de 12 horas e que foi um “motorista dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais” quem a levou para Lisboa, e de regresso ao Porto.

Este tipo de medidas está a ser utilizado pela DE-SNS para responder à falta de médicos e evitar que fechem as urgências, que já estão a funcionar em muitos casos com condicionamentos e em alternância.

A discrepância entre valores pagos ao médicos que são ‘mobilizados’ do Norte para hospitais da região da Grande Lisboa está a gerar mal-estar entre colegas, que, por exemplo, no Hospital de Loures, onde os ginecologistas estão descontentes com o facto de a direção hospitalar estar disponível a pagar mais a profissionais que vêm de fora.

As críticas multiplicam-se também nas redes sociais, com médicos a destacar que se recorre a esta solução “só para o Governo e a direção executiva não terem polémicas em certos dias caso o serviço [de urgências] fechasse”.

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