Fiscalidade verde promete disparar vendas

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O mercado dos veículos eléctricos em Portugal ganha um novo fôlego, depois de, no início do ano, novos incentivos da denominada Fiscalidade Verde, terem entrado em vigor.

Automóveis eléctricos e híbridos plug-in são os dois tipos de veículos abrangidos pelas novas medidas, que se traduzem em benefícios fiscais para particulares, mas principalmente para empresas.

Em 2014 foram vendidos 189 automóveis eléctricos e 85 híbridos plug-in em Portugal. Com os novos incentivos, o sector prevê um crescimento ao longo do ano. Guilherme Castro, diretor de marketing da Mitsubishi, antecipa “um crescimento exponencial, com o mercado a atingir as 2000 unidades em 2015”.

Os benefícios fiscais não são iguais para híbridos plug-in e eléctricos. Os veículos eléctricos têm um desconto no preço de venda de até 4500 euros, no caso de ser dado à troca para abate um automóvel com mais de 10 anos. Para os híbridos plug-in vê e o valor desce para 3250 euros. Para os quadriciclos eléctricos, o incentivo ao abate está limitado aos 1000 euros.

Exclusivamente para empresas e profissionais liberais, a taxa de tributação autónoma, em sede do IRC, na compra de automóveis híbridos, também é atenuada, consoante o preço do veículo, variando entre os 5% e os 17,5%. Também exclusivamente para este grupo é a possibilidade de  deduzir 100% do IVA do valor despendido com a compra de ligeiros de passageiros eléctricos e híbridos, que passam assim a ser equiparados fiscalmente aos veículos comerciais.

A diferença entre os dois tipos de veículos nos benefícios fiscais é ainda visível na diminuição da carga fiscal sobre os eléctricos, que ficam isentos de pagamento do ISV, enquanto os híbridos plug-in são taxados com 25%, tanto para empresas como para particulares. Mas será que esta distinção se justifica? “Os veículos eléctricos e plug-in híbridos são diferentes e não proporcionam a mesma redução de impactos ambientais negativos”, explica Guilherme Castro que concorda com os benefícios distintos atribuídos. Quem fica a perder são os híbridos convencionais , cuja  taxa de ISV é agravada, de 50% para 60%.

 

Marcas e frotistas antevêm maior adesão das empresas

A Mitsubishi tem no mercado português dois modelos que serão abrangidos pela reforma da Fiscalidade Verde: o SUV híbrido plug-in Outlander PHEV (para saber como vão incidir os benefícios fiscais neste automóvel, clique aqui) e o citadino eléctrico i-Miev. O foco inicial da estratégia comercial da marca nipónica serão as empresas, que serão abordadas através de “acções B2B (Business to Business), com o objetivo de lhes “passar toda a informação dos novos benefícios fiscais”.

O mercado das frotas em Portugal ainda não integrou totalmente a mobilidade verde no seu dia-a-dia. Este tipo de veículos têm uma adesão reduzida, devido a factores como “os preços de comercialização, a autonomia das viaturas, a fiabilidade das baterias, os custos inerentes à manutenção e o valor futuro a que o mercado está disposto a adquirir”, explica Martim Gomes, da empresa frotista Locarent. No entanto, os incentivos “pesarão na gestão de frotas das empresas, tanto num quadro de racionalidade, como de eficiência fiscal”, adianta.

A Renault é a marca com maior oferta no mercado eléctrico, no que diz respeito à variedade de tipos de automóveis. Do comercial Reanult Kangoo Z.E., ao citadino Renault Zoe, passando pelo quadriciclo Twizy, Ricardo Oliveira, director de Comunicação e Imagem da Renault, concorda que estas novas medidas beneficiam especialmente as empresas e, por isso, “este segmento de mercado vai tornar-se prioritário para o desenvolvimento comercial da mobilidade eléctrica”.

No que diz respeito às perspectivas de vendas, o responsável pela comunicação da marca francesa em Portugal revela que dentro do segmento “ o veículo mais vendido pela Renault é o Twizy”, um quadriciclo pesado cuja procura se reparte de forma igual entre particulares e empresas, mas especialmente “para aluguer de muito curta duração dentro das cidades”. O citadino Zoe é segundo mais vendido e está agora a ser relançado através de uma campanha de publicidade que integra todos os suportes, incluindo televisão e outdoor.

Mas será que estas medidas legislativas chegam para que Portugal se torne um país mais amigo do ambiente, onde o mercado da mobilidade verde prospere ao mesmo nível que o dos motores a combustão? Ricardo Tomaz, director de Marketing e Comunicação da SIVA, distribuidora das marcas Volkswagen, Audi e Skoda em Portugal, defende que é necessário avançar para “ o patamar seguinte: benefícios concedidos aos utilizadores nas cidades, como por exemplo, estacionamento gratuito ou circulação nos corredores bus”.

Apesar de as “vendas deste tipo de veículos serem muito pouco expressivas” não influenciarem, a curto prazo, a estratégia da multinacional. A SIVA tem prevista a entrada no mercado português, ainda este ano, de novos modelos abrangidos por esta legislação, como o Volkswagen Golf GTE, em Março, a Passat GTE, em Agosto, para além do recentemente lançado Audi A3 e-tron. “É provável que reforcemos os nossos objetivos de vendas face a este novo quadro fiscal”, admite o responsável da SIVA.

A implementação da reforma da Fiscalidade Verde promete dinamizar o mercado automóvel português que, até agora, não se mostrou pronto para deixar os motores de combustão e aceitar a mobilidade elétrica e híbrida. Ricardo Tomaz parece já ter sido conquistado por este tipo de veículos automóveis. “Além do prazer de condução, que resulta do silêncio absoluto de um veículo eléctrico, consigo, com um Up! eléctrico, acelerar num semáforo mais rapidamente do que um Golf GTI… quem imaginaria?”.

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