Hungria vai processar a UE por proibição de importação de gás russo

Hungria — o aliado mais próximo do Kremlin na União Europeia — ainda depende fortemente das importações de energia russa

Francisco Laranjeira
Novembro 14, 2025
11:48

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, afirmou esta sexta-feira que o seu Governo levará a União Europeia aos tribunais devido à decisão tomada no mês passado de eliminar gradualmente as importações de gás russo.

A Hungria — o aliado mais próximo do Kremlin na União Europeia — ainda depende fortemente das importações de energia russa, apesar da invasão da Ucrânia por Moscovo em 2022. Anteriormente, utilizou o seu poder de veto para obter isenções das sanções da UE contra o setor energético russo.

No mês passado, os países da UE concordaram em eliminar gradualmente as importações restantes de gás da Rússia até ao final de 2027. Todos, exceto a Hungria e a Eslováquia, apoiaram a medida. “Não aceitamos esta solução manifestamente ilegal e contrária aos valores europeus, escolhida por Bruxelas para destituir um Governo nacional que discorda dela”, declarou Orbán a uma rádio estatal húngara. “Estamos a recorrer ao Tribunal de Justiça da União Europeia.”

“Isto já não é uma sanção, mas sim uma medida de política comercial”, prosseguiu. “E as sanções exigem unanimidade (nas votações da UE), enquanto, para a política comercial, uma decisão por maioria é suficiente”, afirmou.

O primeiro-ministro nacionalista acrescentou que também estava “à procura de outros meios, não legais”, para dissuadir Bruxelas, embora não tenha entrado em detalhes sobre o assunto.

Orbán alegou que a isenção das sanções americanas que obteve na semana passada numa reunião com o seu “querido amigo” e aliado ideológico, o presidente dos EUA, Donald Trump, poderia estendee-se por mais de um ano.

Recorde-se que em outubro último, Trump impôs sanções às duas maiores companhias petrolíferas de Moscovo, aparentemente perdendo a paciência com o presidente russo Vladimir Putin por este não ter posto fim à invasão da Ucrânia, que já durava quase quatro anos.

As autoridades americanas, incluindo o secretário de Estado Marco Rubio, disseram que Budapeste recebeu uma isenção temporária de um ano. Mas Orbán insistiu que a medida estaria em vigor “enquanto Donald Trump for presidente dos Estados Unidos e houver um Governo nacional na Hungria”. “Trata-se de um acordo pessoal entre dois líderes. Os burocratas escrevem o que escrevem, mas isso não tem qualquer significado”, apontou.

Orbán tem tido frequentes desentendimentos com Bruxelas: o país da Europa Central recusou-se a enviar ajuda militar à Ucrânia e opõe-se à candidatura de Kiev à adesão à UE, argumentando que isso arrastaria a Hungria para a guerra.

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