A greve convocada pela CGTP está hoje a provocar perturbações em serviços públicos e privados por todo o país, com encerramentos que vão desde câmaras municipais a dezenas de escolas. A central sindical garante que a adesão é “muito elevada”, alegando que três milhões de trabalhadores estarão sem trabalhar. No entanto, os próprios dados disponibilizados pela confederação revelam que há setores onde a paralisação teve um impacto muito menos expressivo.
Segundo a extensa lista divulgada pela CGTP, composta por 27 páginas, a Coca-Cola surge como o caso mais evidente de fraca adesão. A fábrica de Azeitão, onde a paralisação foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), apresenta apenas 45% de adesão, a taxa mais baixa registada entre todos os serviços catalogados. Apesar de vários trabalhadores terem parado, a unidade industrial continua a funcionar, embora “a meio gás”.
O segundo caso de menor adesão reportado pela central sindical pertence ao setor público e está associado a um município historicamente ligado à esquerda. Trata-se de um serviço da Câmara Municipal de Setúbal, um antigo bastião comunista agora liderado por Maria das Dores Meira, que chegou ao cargo com apoio do PSD após ter sido autarca da mesma cidade pelo PCP. Nesse serviço específico, a paralisação convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL) levou à interrupção de 47% da recolha diurna de resíduos urbanos.
A lista da CGTP destaca ainda outras entidades com impacto reduzido, como a Sumol + Compal, em Almeirim, e a secção de logística do Mercadona na zona sul, também situada no mesmo concelho, onde a atividade se manteve maioritariamente operacional.
Em contraste com estes casos pontuais de menor adesão, várias estruturas e serviços registaram perturbações significativas ou mesmo paralisação total. Entre os destaques estão o fecho completo da logística da Super Bock, em Matosinhos, e a interrupção integral da produção na Autoeuropa, em Palmela, dois dos maiores polos industriais incluídos na listagem da central sindical.
Apesar dos diferentes níveis de participação, a CGTP mantém a avaliação de que a mobilização é forte e nacionalmente expressiva, sublinhando a quantidade de serviços municipais, escolas e setores operacionais que, segundo a própria central, ficaram hoje parados em resposta ao protesto.














