A nova Estratégia de Segurança Nacional dos EUA lançou duras críticas à Europa, questionando a fiabilidade de alguns Estados-membros como aliados e alertando para a necessidade de os países europeus assumirem maior responsabilidade pela sua própria defesa. O documento, divulgado este fim de semana, aponta para alegadas restrições à liberdade política, repressão à oposição e perda de identidades nacionais em vários países do continente.
A Administração americana confirma que a Europa não pode depender indefinidamente do apoio militar e estratégico dos EUA. O documento sugere ainda que Washington apoiará “partidos patrióticos europeus”, grupos nacionalistas e identitários, para ajudar a Europa a “corrigir o seu rumo”. A publicação sublinha que esta estratégia constitui um desafio histórico para a União Europeia.
De acordo com a publicação ‘Kyiv Post’, o Governo Trump tem revertido princípios democráticos que moldaram a política externa americana e alerta que a Europa poderá perder a proteção norte-americana exatamente quando enfrenta ameaças diretas à sua segurança. O jornal defende que a Aliança Atlântica só sobreviverá se as nações europeias reforçarem a sua autonomia, assumindo medidas que se assemelhem à política da Hungria.
Para a imprensa eslovaca, como o ‘Dennik Postoj’, a nova estratégia representa uma interferência inédita nos assuntos europeus. O jornal aponta que, apesar de muitas políticas europeias serem criticáveis, a Casa Branca ultrapassa os limites da soberania ao tentar influenciar decisões internas dos Estados, impondo diretrizes sobre migração e outras questões sensíveis.
O ‘Tages-Anzeiger’, da Suíça, defende que, a curto prazo, os europeus terão de aceitar as provocações de Washington enquanto mantêm 80.000 soldados norte-americanos no continente. O diário alerta que os países devem resistir a pressões sobre partidos populistas de extrema-direita e manter os seus valores democráticos, rejeitando tentativas de divisão fomentadas por Estados externos.
O ‘Sunday Times’, do Reino Unido, reforça que a Europa não pode continuar a depender dos EUA para a sua segurança. O jornal alerta que a subserviência à política norte-americana expõe os países a pressões externas, incluindo de líderes como Vladimir Putin e Xi Jinping, tornando urgente a autossuficiência militar europeia.
O ‘Svenska Dagbladet’, da Suécia, observa que a ausência de críticas à Rússia na estratégia americana não surpreende, tendo sido comentada pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, que considerou as mudanças consistentes com a visão de Moscovo.
O cientista político ucraniano Viktor Shlinchak ressalta que os EUA procuram apenas estabilidade na Europa. As garantias de segurança deixam de ser simbólicas, focando-se na dissuasão e no controlo da capacidade militar russa, com atenção especial à posição estratégica da Ucrânia face à China.
A estratégia americana assinala, assim, uma redefinição da ordem de segurança europeia, com destaque para a necessidade de autonomia, reforço militar e resistência a pressões externas, enquanto Washington procura estabilidade sem se comprometer diretamente com intervenções prolongadas.














