XIII Conferência Executive Digest: desafios para 2018
O papel do Estado no apoio ao crescimento das empresas e, consequentemente, de Portugal foi um dos temas fortes da XIII Conferência Executive Digest. Na mesa redonda que uniu responsáveis de quatro organizações em torno do tema “Os votos e desejos dos gestores e empresários para 2018”, o sentimento foi praticamente unânime: existem problemas a resolver nos campos fiscal e legislativo, nomeadamente no que diz respeito a políticas laborais.
O mote foi dado por Luís Pais Antunes, managing partner da PLMJ Advogados, que afirma sentir-se optimista em relação ao próximo ano mas consciente de que os factores de incerteza permanecem: «É impossível prever o que vai acontecer daqui a um mês».
Mais tarde, na conclusão da conferência, Rui Paiva, CEO da WeDo Consulting, viria a acrescentar que para as empresas apostarem em investimentos sérios, a 10 ou 20 anos, é imperativo que as condições não mudem constantemente. Mais uma vez, a legislação laboral e fiscal tem de oferecer alguma segurança para que o País seja atractivo.
Nelson Pires, presidente da Jaba-Recordati, tocou no mesmo ponto: o futuro do sector depende do Orçamento de Estado e das decisões tomadas pelo Governo. O profissional refere que o Governo tem «feito muitos disparates nesta área», apontando para a mudança do Infarmed para o Porto, entre outros exemplos.
Destaque ainda para outras duas perspectivas discutidas na mesa redonda do evento, que contou com moderação de João Duque, professor de Finanças no ISEG. Em primeiro lugar, José Gonçalves, presidente da Accenture, colocou em evidência a importância do digital na transformação das empresas, tema que deverá continuar na ordem do dia durante o próximo ano. Diz o responsável que «aproveitar o digital é um dos maiores desafios para Portugal» e que este poderá ser um meio de potenciar o crescimento e expansão internacional dos vários sectores – tal como o calçado, os vinhos e a cortiça já souberam fazer. A mentalidade padrão deve ser a de atacar o mundo e não somente Portugal ou até determinada região.
Manuel Falcão, director-geral da Nova Expressão, por seu turno, expôs o panorama no campo publicitário e da comunicação. Segundo o responsável, os sinais positivos da economia de que se fala, em geral, não se fazem sentir no sector das agências de meios. As audiências, nomeadamente de televisão, estão cada vez mais fragmentadas e o digital não é só mais um meio de comunicação: veio alterar como se faz e consome imprensa e rádio, por exemplo.
Desejos para 2018
José Gonçalves (Accenture): Criar mais oferta universitária de cursos tecnológicos;
Luís Pais Antunes (PLMJ): Que o Governo faça o menos possível e, se possível, desfaça algumas das coisas que fez;
Manuel Falcão (Nova Expressão): Apostar na manutenção das empresas de informação e comunicação portuguesas;
Nelson Pires (Jaba-Recordati): Que o Governo não faça nada e que deixe os empresários trabalhar.
Na XIII Conferência Executive Digest, que se realizou esta manhã no Hotel D. Pedro, em Lisboa, participaram também Paulo Carmona, presidente da direcção da Missão Crescimento, e Inês Veloso, directora de Marketing e Comunicação da Randstad. Todas as intervenções poderão ser exploradas ao pormenor, posteriormente, na edição impressa da revista Executive Digest.
Texto de Filipa Almeida