A nossa sociedade está em constante ebulição e disrupção.
Os analistas previam vários cenários para esta década, como o upskilling, reskilling, resolução de problemas complexos, etc
Também, com a pandemia, mas não só por ela, mudámos o mindset para um planeta mais sustentável, novas formas de vida, trabalho híbrido!
Em 2022 tivemos de colocar todos em casa, foi necessário – entre muitas outras alterações – comunicar e surgiu o Zoom e as preocupações inerentes! Hoje o Zoom faz parte das nossas vidas, juntamente com o Teams e outras plataformas!
Passámos a estar sempre conectados! Mais, agora todos sabem onde estamos e se estamos disponíveis! Antes não era tão usual sermos contactados fora de horas! Vivemos melhor ou pior assim?
Somos mais sociáveis ou mais dependentes da tecnologia? Cada um fará a sua análise!
Mas o que tem isto que ver com automóveis? Tudo… e nada! As marcas chinesas durante anos desenvolveram e evoluíram em vários domínios e com uma velocidade enorme e uma delas foi nos automóveis.
E hoje dou por mim a analisar uma marca que está a chegar a Portugal e que promete abanar – e muito – as estruturas do mercado automóvel. A palavra “leap” surge aqui bem aplicada (salto, expansão….)
Tenho “nas mãos” o primeiro modelo pensado para o mundo inteiro, o LEAPMOTOR B10. Um SUV elétrico que entra diretamente no segmento mais competitivo de todos.
A promessa de valor da marca é muito forte e muito clara. Ambiciosa! Afirmam que pretendem democratizar a tecnologia de ponta e torná-la a muito mais disponível/acessível para todos.
O que não é usual é a forma como a Leapmotor o está a fazer, a sua filosofia, a tecnologia que eles próprios desenvolvem e, acima de tudo, a aliança estratégica que fizeram com a Stellantis.
Isto coloca-os numa posição completamente diferente de qualquer outra marca que tenha chegado à Europa nos últimos anos e já vamos perceber o motivo!
A Leapmotor não é um construtor automóvel, digamos clássico. Nasceu em 2015 como startup e foi fundada por um engenheiro eletrónico, Ju Jang Ming. Ou seja, o ADN é uma empresa de tecnologia que, também faz automóveis, não o contrário.
E isso nota-se por exemplo na velocidade, pois lançaram o primeiro modelo em 2019 e em meados de 2025 já eram a startup de veículos elétricos mais vendida na China.
Os números impressionam. Mais de 1,2 milhões de viaturas entregues desde o início e a previsão para 2025, que era de meio milhão, já foi revista em alta para 600.000 veículos.
A pergunta que se impõe é como o conseguiram? Como é que uma uma marca tão jovem atinge esta escala num mercado com imensas marcas e ultra competitivo? Qual é o segredo?
Olhemos para o modelo de negócio. Eles definiram a sua estratégia numa lógica de integração vertical e fabricam internamente uma percentagem altíssima dos componentes dos seus automóveis, 65 a 70%! A BYD faz o mesmo!!!
Mas agora surgem os detratores que perguntam pela qualidade desses componentes “feitos em casa”! Será que são comparáveis à de especialistas com décadas de experiência como a BOSCH, ZF, ou cortam nos custos e comprometem a qualidade final?
- Só que esta está a ser a tendência de outras marcas como a BYD que, ao controlar a cadeia de valor conseguem inovar mais depressa controlando a qualidade. Assim, ao invés de dependerem de um fornecedor para desenvolver um novo motor, constroem-no.
- Aliás isto, permitiu-lhes ser pioneiros em várias áreas. Foram os primeiros com o motor elétrico oito em um e foram dos primeiros a produzir em massa a tecnologia cell-to-chassis, segundo refere a marca!
Mas ter o chassis integrado com as baterias serve que propósito?
- Uma bateria é um conjunto de módulos dentro de uma caixa que “depois é aparafusada ao carro”. Esta tecnologia integra as células da bateria diretamente na estrutura do chassis, aumentando a segurança e o comportamento em estrada.
Por outro lado , a bateria ocupa menos espaço e isso liberta centímetros preciosos para os passageiros.
Mas também muito importante, pois ao eliminar componentes, o B10 fica mais leve e, consequentemente, mais eficiente, logo mais autonomia com a mesma bateria. - Portanto, o controlo da tecnologia permite-lhes otimizar o produto de uma forma que outros, que dependem de fornecedores, simplesmente não conseguem.
Vamos também desconstruir outro tema que habitualmente ouço: “um bom produto na China é uma coisa, mas trazê-lo para a Europa…”
- E é aqui que surge o ponto de viragem, pois em outubro de 2024, a Stellantis, um dos maiores grupos automóveis investiu 1.5.00 milhões de euros para comprar cerca de 20% da LeapMotor. Estrategicamente, considero que o mais importante nao foi o capital, mas a criação da joint venture que hoje é controlada em 51% pela Stellantis.
- Na prática, ganham acesso imediato a uma rede global, mas para a Stellantis podem estar a criar um concorrente fortíssimo dentro da sua própria casa. Um B10 a este preço pode canibalizar clientes a um Peugeot ou a um Opel por exemplo. É o grande dilema estratégico e certamente foi debatido até a exaustão nos corredores do grupo
- Do que conheço da indústria , considero que o pensamento foi o seguinte: “esta concorrência vai chegar de qualquer maneira e entre ser atropelado por ela ou fazer parte dela, controlá-la e, claro, lucrar com ela, seria melhor assim“.
- Recordo que eles detêm os direitos exclusivos de exportação, venda e até de produção da Leapmotor fora da China.
- Do que conheço da indústria , considero que o pensamento foi o seguinte: “esta concorrência vai chegar de qualquer maneira e entre ser atropelado por ela ou fazer parte dela, controlá-la e, claro, lucrar com ela, seria melhor assim“.
O impacto em Portugal foi imediato pois a LEAPMOTOR não precisou de investir milhões a construir uma rede concessionários e oficinas do zero. Simplesmente ligou-se à rede da Stellantis. E, resolve o maior obstáculo de todos para uma nova marca na Europa: a confiança. O consumidor pode até gostar do B10, mas pergunta-se sempre: “E se avariar, onde é que o levo?”
Trata-se de trunfo competitivo absolutamente decisivo. Já percebemos a estrutura empresarial, a tecnologia inovadora e a rede de confiança montada. Isto resolve as maiores dores de cabeça de uma l marca, mas nada disso importa se o produto final não estiver à altura.
O B10 é o primeiro modelo desenhado de raiz a pensar no mercado global e “ataca o coração do mercado europeu”, o segmento dos SUV familiares. Ao nível do design é moderno, clean, sem exageros. Tem 4,51 m de comprimento, dimensões compactas por fora, mas por dentro, graças à tal arquitetura de que falámos o espaço surpreende.
As fontes da marca dizem mesmo que tem um dos maiores espaços para passageiros do segmento, especialmente em altura para a cabeça, tanto à frente como atrás. A bagageira possui 430litros e o compartimento frontal, o frunk , 25 L. – local perfeito para os cabos de carregamento.
E essa atenção ao tecnológico continua no interior. O ecrã central de 14,6” domina o tablier, mas, mais importante que o tamanho é o cérebro por trás dele. Usa o sistema operativo Leap OS 4.0 que corre num processador Snapdragon 8155 que é um chip topo de gama . A ligação com o telemóvel via Apple CarPlay ou Android Auto é instantânea e a fluidez é de facto um dos pontos fortes. A resposta ao toque é imediata. Os menus são lógicos, a personalização é profunda. Nota-se aqui “toque do engenheiro” pois a experiência é muito próxima da de um tablet ou de um smartphone de gama alta.
Também a conectividade através da aplicação móvel é muito completa. Há um único motor elétrico de 218 cavalos e 240 new de binário. Está colocado no eixo traseiro, o que lhe dá tração traseira. Isto resulta numa aceleração dos 0 aos 100 em 8 segundos e uma velocidade máxima limitada a 170 km/h.
As duas baterias disponíveis com química LFP ou fosfato de ferro lítio – mais duradoura e segura, aguenta mais ciclos de carga e é menos propensa a sobreaquecimento. A versão de entrada, a Pro, tem uma bateria de 56,2 kWh que garante uma autonomia oficial WLTP de até 361 km. A versão Pro Max com uma bateria de 67,1 kWh tem uma autonomia até aos 434 km.
E o carregamento? De que adianta ter uma boa autonomia se depois demoramos uma eternidade a carregar? Em corrente contínua, num posto de carregamento rápido, o B10 consegue carregar de 30% a 80% da bateria em menos de 20 minutos.
Agora, um ponto que eu sei que é crucial na minha metodologia de análise – o comportamento em estrada. A ficha técnica diz uma coisa, mas a realidade do asfalto europeu pode ser outra. E o que é que o B10 no nos diz quando o conduzimos?
Gosto de seguir o rigor da aviação e da informática. áreas de onde provenho – rigor e factos. Tento sempre replicar os mesmos percursos em condições idênticas para ter uma base de comparação sólida entre modelos. E, logo ao início nota-se a “mão da Stellantis” a nível dinâmico. A afinação do chassis, da suspensão, da direção foi feita pela Stellantis no famoso circuito de testes de Balocco em Itália. Ou seja, não é apenas um autocolante de marketing. Sente-se mesmo essa afinação europeia ao volante.
Possui um controle de movimentos da carroçaria muito bom e isso é graças também à suspensão traseira multilink, que é uma solução mais sofisticada. Em estradas com mais curvas, o carro não adorna em demasia, a direção é precisa e a distribuição de peso perfeita de 50/50, juntamente com a tração traseira confere-lhe um equilíbrio muito agradável.
Portanto, transmite de confiança. Não tem pretensões de ser um desportivo, mas não é essa a sua vocação, mas transmite uma solidez e uma segurança que nem sempre se encontram neste segmento. E o silêncio a bordo, mesmo para um elétrico, surpreendeu-me pela positiva. Está muito bem insonorizado. E falando em segurança, talvez o argumento mais forte de todos. O B10 passou pelos testes do EuroNcap com cinco estrelas.
Contudo verifiquei um detalhe: no lote de automóveis testados na mesma altura que ele, o B10 obteve a pontuação mais alta de todos. Vem de série com sete airbags e 17 sistemas avançados de assistência à condução ADAS.
E a pergunta de 1 milhão de dólares ou neste caso, talvez de 30.000 € é quanto é que isto tudo custa realmente em Portugal.
- A gama é extremamente simples, sem listas de opcionais intermináveis.
- O cliente escolhe a versão, a bateria, a cor exterior e o interior. E pronto, os preços de venda ao público já com a campanha de lançamento são os seguintes.
- A versão de entrada B10 Live Pro, com 361 km de autonomia começa nos 29 285 €, a versão B10 Live Pro Max, o preço sobe para 31.285 €. E a versão de topo, a B10 Design Pro Max, que já acrescenta bancos em pele sintética, aquecidos e ventilados e outros equipamentos, fica nos 32.785 €.
A competição já não está a chegar, ela está aqui.





















































