Tendências 2022: Análise de Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal
Reunimos um conjunto de presidentes e CEO portugueses que nos ajudaram a traçar as perspectivas económicas para o país e empresas. E revelam também a medida que gostavam de ver debatida nos programas eleitorais do partidos
Que medida gostava que constasse nos programas dos partidos para as eleições legislativas de Janeiro 2022?
PARA O PAÍS
- Viver com a pandemia ou endemia: A perspectiva é de inevitável crescimento por minimização ou eliminação de medidas restritivas face a 2020 e 2021; um efeito quase automático e matemático, pouco dependente de políticas ou planos de aceleração. A pauta muda porque a orquestra voltou “quase” ao que era antes.
- Reviver a inflação: A pauta muda porque a inflação quase tinha desparecido da equação económica e está de volta como elemento relevante, com implicações no mercado financeiro e produtivo.
- Conviver com maior mobilidade dos Recursos Humanos e escassez dos mesmos: A expectável recuperação económica, a aceleração da transformação digital e a necessidade de encontrar recursos para garantir essa transformação, associam-se às novas formas de trabalho, que potenciam a dispersão geográfica dos recursos humanos, possibilitando a conciliação das vantagens de trabalhar em Portugal para entidades patronais de outros países com maior capacidade de absorção de custos de mão-de-obra qualificada. Uma pauta pensada para ser executada por uma orquestra com novos músicos e novas sonoridades.
- Tirar partido do PRR: Enriquecer a pauta com mais “notas”. As empresas nacionais precisam de acelerar a incorporação do digital nos seus processos de trabalho, linhas de produção e relação com os seus clientes. Conhecendo-se a representatividade das PME no nosso tecido empresarial e as suas dificuldades de liquidez, é essencial que os fundos do PRR sejam lançados e que o acesso aos mesmos se faça de forma controlada, mas simplificada. As empresas tecnológicas, onde se integram os operadores de telecomunicações, podem aportar valor a este processo. O que já está a acontecer na vizinha Espanha. Convém lembrar que o PRR não é um exclusivo nacional e não podemos perder competitividade.
PARA O SECTOR
Uma mudança de pauta porque será tocada por mais orquestras do que até ao momento, competindo as orquestras históricas com as que foram promovidas de forma artificial, a propósito do lançamento do leilão 5G. Uma oportunidade para demonstrar quem está mais comprometido com o país e mais disponível para apoiar de forma sustentada a digitalização da nossa economia, demonstrando de forma prática e real os benefícios da tecnologia, nomeadamente as que resultam do potencial do 5G e em 2022 a Vodafone vai dar forma a projectos que serão disso exemplo.
Em qualquer das áreas estratégicas de desenvolvimento do nosso país, o sector das telecomunicações tem um papel nuclear de suporte e dinamização dos planos de investimento público. No fundo, falamos de ligar pessoas e de ligar empresas.
EM CONCLUSÃO
Portugal começa 2022 sem um Orçamento do Estado aprovado e sem estabilidade governativa. Será importante que ultrapassemos rapidamente este cenário. 2022 tem de ser de aceleração e não apenas de recuperação.
Do ponto de vista da Vodafone, enquanto empresa com um contributo activo na promoção da conectividade e da digitalização – metas estruturais do PRR – um dos grandes desafios de 2022 é a concepção de políticas capazes de nos elevarem a um novo patamar de integração da tecnologia nas nossas empresas e na sociedade em geral. Nesse sentido, gostaríamos de ver nos programas eleitorais dos partidos uma visão estratégica para o futuro e medidas que dêem corpo à mesma, incluindo metas para a concretização do PRR.
Artigo publicado na revista Executive Digest n.º 190 de Janeiro de 2022