A Airbnb vai começar a oferecer casas em 2019

A Airbnb quer entrar no negócio das casas pela porta grande. Os espaços serão partilhados e o seu aspecto ainda está por revelar, mas a sugestão é clara: vão ser arrendamentos optimizados.

Por Mark Wilson, colaborador da Fast Company

Após iniciarem uma revolução no mercado da partilha de habitações, os fundadores da Airbnb perguntaram a si mesmos qual seria o próximo passo. Criaram com sucesso uma rede global de mais de cinco milhões de habitações, castelos e casas na árvore para arrendar, e o seu negócio alegadamente vale 33 mil milhões de euros. Mas para onde cresceria a Airbnb?

Foi precisamente esta a pergunta que levou Joe Gebbia, Chief Product Officer e co-fundador, a dar o pontapé de partida a uma área de futuro da Airbnb em 2016, criada para desenvolver novos produtos e serviços para a empresa. A resposta de Joe Gebbia para o próximo passo da Airbnb: planeamento arquitectónico e urbano. A empresa não se limitará a oferecer alojamento – irá, verdadeiramente, oferecer habitações.

Esse departamento da Airbnb anunciou uma iniciativa chamada Backyard, “um empreendimento para conceber e criar protótipos de novas formas de criar e partilhar habitações”, segundo um comunicado de imprensa, com a primeira vaga de unidades de teste a chegar ao público em 2019.

O nome “Backyard” (“Quintal”) podia implicar que a Airbnb deseja construir unidades acessórias, as pequenas estruturas que se encontram por trás de grandes habitações suburbanas e que são frequentemente alugadas na própria Airbnb. Joe Gebbia clarifica que não é o caso. «O projecto nasceu num estúdio perto da sede da Airbnb», afirma numa entrevista por email. «Sempre sentimos como se estivéssemos no quintal da Airbnb – em termos físicos e contextuais – e começámos a dar esse nome ao projecto.»

O Backyard irá ser maior do que as unidades acessórias, na opinião de Joe Gebbia. Sim, é possível que essas unidades estejam no projecto, assim como materiais de construção ecológicos, casas individuais e complexos com várias unidades. «O Backyard investiga como é que edifícios podem usar técnicas de produção sofisticadas, tecnologias inteligentes e obter vastas perspectivas da comunidade Airbnb para responder atenciosamente às necessidades dos proprietários e dos ocupantes ao longo do tempo», explica Joe Gebbia. «O Backyard não é uma habitação, é uma iniciativa para repensar o conceito habitação. As casas são complexas e estamos a usar uma abordagem abrangente – não criando apenas uma coisa, mas sim um sistema que pode fazer muitas coisas.»

Joe Gebbia explica que existe um imperativo moral para assegurar que as habitações novas são bem concebidas, com pouco impacto ambiental, e sugere que o Backyard está à altura do desafio. Mas a iniciativa representa também uma oportunidade importante para que a Airbnb diversifique o seu negócio. A empresa é, afinal de contas, um produto digital, sempre vulnerável a ser substituído por uma concorrente. Os edifícios são entidades físicas. É imobiliário e é a infra-estrutura do mundo. Investir em edifícios não é má ideia para uma empresa de software que se quer precaver.

Os espaços serão criados para serem partilhados, de baixo para cima. O seu aspecto ainda está por revelar, mas a sugestão é clara: serão arrendamentos optimizados da Airbnb para qualquer pessoa que esteja interessada em envolver-se, ou talvez até investir, no grande negócio das unidades acessórias no quintal.

Serão também adaptáveis. O que não significa que basta acrescentar alguns quartos e uma casa-de-banho extra, mas, sim, criar espaços que evoluem e até se reconfiguram consoante as necessidades dos ocupantes. Vimos este tipo de abordagem no projecto CityHome do MIT (mais tarde tornou-se a empresa Ori). A Ori vende mobiliário robótico, como closets que se expandem a partir de paredes lisas, e camas que descem do tecto. Fedor Novikov, líder do projecto Backyard, fez pesquisa na área da construção robótica para a NASA.

Quanto custará uma habitação do Backyard? «Ainda é cedo para dizer», afirma Joe Gebbia. Mas com base nos comentários de Joe Gebbia e no visual dos modelos – que parecem incluir plantas modulares e tectos substituíveis – é provável que o Backyard seja um sistema habitacional que pode ser personalizado e, não uma habitação perfeita e pré-fabricada. E não é preciso ser anfitrião da Airbnb para aproveitar a iniciativa. «O Backyard envolve criar novas opções para as pessoas, quer sejam anfitriões Airbnb ou não. Estamos interessados em fazer com que seja mais fácil encontrar uma casa», diz Joe Gebbia.

Este artigo foi publicado na edição de Dezembro de 2018 da Executive Digest.

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