Yunit Consulting: “O nosso ADN faz a diferença”

A Yunit actua como consultora de apoio à gestão, procurando estar junto das empresas quando urge trabalhar a mudança. Em entrevista à Executive Digest, o CEO Bernardo Maciel explica quais os principais desafios no actual contexto de mudança em que vivemos.

Quais os vossos serviços para apoiar as empresas no acesso aos fundos comunitários?

Os fundos comunitários têm apresentado desafios crescentes ao longo dos anos, com alterações dos critérios do mérito, que tem levado a nossa equipa a responder, adaptando-se, para continuar a dar uma resposta consentânea com o nosso objectivo de criar valor nos nossos clientes. Existem portas de entrada diversas, dependendo do nível de preparação das empresas, para os serviços relacionados com os fundos comunitários. Para as empresas que já têm um plano de investimentos desenhado, as primeiras reuniões são de enquadramento. É determinante fazer a pré quantificação do mérito para que estes investidores saibam, de forma muito frontal, se esse projecto de investimento pode ou não vir a ser apoiado financeiramente por um fundo comunitário. Mas a nossa intervenção pode acontecer desde o diagnóstico, passando pela definição estratégica e do plano de investimentos, a análise do mercado, concorrência e estudo de viabilidade económicofinanceira, até à conclusão da implementação e ao fecho do contrato pela Entidade Gestora depois de terem sido pagas e recebidas todas as verbas contratualizadas.

De forma geral, quais as vossas soluções?

A nossa visão é sermos o principal parceiro das empresas, do pensamento estratégico à implementação da mudança. Reunimos um conjunto alargado de competências que combinamos de forma a sermos relevantes nos momentos de transformação das empresas. Actuamos como consultora de apoio à gestão, procurando estar perto quando urge trabalhar a mudança: um novo mercado, um novo investimento, na melhoria de performance financeira, operacional ou de gestão.

As PME são o nosso segmento natural. Seja pela importância que têm no panorama nacional, seja pelas suas características: cariz familiar onde o apoio especializado nas diferentes áreas da gestão é crítico. Da estratégia, ao planeamento, da área financeira ao marketing e comunicação, da gestão da inovação à internacionalização, os desafios de sobrevivência e de expansão das PME são elevados e permanentes. São empresas que têm uma estrutura desenhada para dar resposta aos desafios diários da operação, com elevado know-how e tecnicamente muito competentes. O nosso papel é acrescentar competências específicas para que o salto pretendido com a mudança seja conseguido. A nossa visão, experiência e complementaridade inspiradas no que de melhor se faz, permite que os gestores continuem focados no seu negócio, deixando para nós a gestão destes projectos especiais.

Quais os vossos principais desafios?

Sendo a mudança a palavra-chave no actual contexto, conseguir passá-la para o dia-a-dia é também imperativo. Só organizações preparadas para permanentemente se adaptarem aos desafios conseguirão vencer. O mesmo é válido para as consultoras. Ter equipas ágeis, com competências complementares e combinadas eficazmente de acordo com o cliente e o projecto é crítico. Acreditamos também que o nosso ADN faz a diferença. Ser um valor acrescentado para as PME passa por saber o que é viver como PME. Ter as mesmas dificuldades e desafios faz-nos estar mais próximos de sermos relevantes aos nossos clientes. É fundamental percebermos que a estrela no nosso trabalho é o cliente e que só somos relevantes e bem-sucedidos se formos um complemento competente do empresário na gestão do seu negócio, conseguirmos desafiá-lo a pensar e a planear cada vez melhor e apoiálo na execução dos seus diferentes projectos. Hoje mais que nunca, os nossos desafios são cada vez mais os dos nossos clientes.

O que vos diferencia?

Queremos acreditar que actuamos como um parceiro que acrescenta valor onde as empresas precisam ser complementadas com uma equipa experiente e dedicada. A nossa proposta de valor passa por servir o mercado numa lógica de one-stop-shop em que disponibilizamos competências que servem as empresas de forma integral e holística em todas as frentes no apoio à gestão: do Corporate Finance ao Apoio ao Investimento e ao Financiamento, mas também na Fiscalidade e na Gestão de projectos, sempre com o foco na melhoria da performance e na criação de valor nos clientes. De referir que, só no âmbito do PT2020, passaram por nós cerca de 700M€ de investimento e financiamento. O facto de trabalharmos projectos e apoiarmos empresas em quase todos os distritos do país, em mais de uma centena de municípios, permite-nos uma visão bastante profunda dos diferentes sectores de actividade e diferentes contextos regionais. A elevada capilaridade geográfica e sectorial dos nossos clientes, a heterogeneidade das competências técnicas das nossas pessoas, a valorização das parcerias para chegar mais longe e a forma cúmplice e solidária com que actuamos junto dos nossos clientes deixam uma marca própria no mercado do que é a Yunit e o que esperar do nosso trabalho.

O que devem ter em conta as empresas portuguesas que optem por se candidatar aos fundos? Quais as “regras de ouro”?

É importante ter a percepção que a aprovação de um projecto não é garantida: a taxa de aprovação do SI Inovação é inferior a 40%. Ou seja, há que preparar o projecto para maximizar a probabilidade de aprovação. E mais importante do que qualquer outro factor: os fundos só devem existir porque uma empresa pretende financiar um projecto de investimento que permite concretizar uma estratégia! Com base nesta premissa, é determinante que a estratégia esteja bem definida para que o projecto de investimento possa ser a ferramenta que contribui para a sua operacionalização. Da definição estratégica, além da identificação do mercado, sectorial e geográfico, e da diferenciação, deve quantificar-se a criação de postos de trabalho e o volume de negócios internacional. Sendo a estratégia a base para as decisões, o plano de investimento deve dar resposta a todos os factores críticos de sucesso do negócio. A implementação da estratégia deve também incorporar as tecnologias no âmbito da indústria 4.0 e da transição climática.

As PME são das que têm mais dificuldade em aplicar fundos comunitários. Como é que este problema pode ser contornado?

É um facto que apenas 2% e 35% das empresas micro e pequenas, respectivamente, submetem candidaturas. Para as médias e grandes têm-se mais projetos candidatados do que empresas no escalão dimensional. As taxas de aprovação são de 53% e 59% para as grandes e médias empresas, respectivamente. No entanto, as micro e pequenas têm taxas de aprovação mais baixas do que as grandes em 8 e 23 p. p. respectivamente. Já no que diz respeito à taxa de execução dos financiamentos públicos concedidos, as médias empresas têm 59% e as grandes estão 6 p.p. abaixo. Mas verifica-se que, depois do projecto aprovado, as micro, o caso menos bom, têm execução “apenas” 10 p.p. abaixo das grandes empresas.

O acesso aos fundos depende do cumprimento de condições que, de base, incluem a autonomia financeira e capacidade para financiar o projecto de investimento. Estes são os factores em que as micro e pequenas empresas menos cumprem porque os seus balanços são frágeis, têm um nível elevado de endividamento e capitais próprios insuficientes. Mas não se é grande sem crescer! Assim, ajudamos estas empresas a definirem estratégias de diferenciação pela inovação, identificando o aspecto que as torna únicas, e a vendê-lo. Do plano estratégico para este crescimento deverá constar a ambição suficiente relativamente ao volume de negócios internacional, criação de postos de trabalho e criação de valor. Depois, trata-se de encontrar a melhor solução, seja a banca, fundos europeus, operações de M&A, fundos de investimento ou capitais de risco, para complementar o financiamento destes negócios diferenciadores.

A UE dotou-se do maior pacote orçamental de apoio ao desenvolvimento e coesão dos seus estados-membros. Será esta uma oportunidade única para transformar Portugal?

As dimensões e eixos constantes dos documentos de sustentação do PRR e do PT2030 mostram um caminho bem traçado. Os objectivos estratégicos endereçam os temas que poderão proporcionar à Europa a necessária evolução tecnológica e sustentável. No que diz respeito à concretização das dimensões e eixos em acções específicas é de relevar a orientação para resultados, proporcionando maior impacto no tecido económico português.

É ainda cedo para perceber como se concretizarão as políticas, mas podemos analisar, a título de exemplo, uma das primeiras iniciativas publicadas no âmbito do PRR. No âmbito das Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial serão criados consórcios, liderados por empresas, mas com contributo relevante das Entidades de I&I. Estes consórcios devem definir e realizar iniciativas mobilizadoras em áreas tecnológicas inovadoras. Serão avaliados através de indicadores muito voltados para o impacto do projecto no tecido económico. Ou seja, é expectável que, a partir da realização de actividades de I&D, próximas do mercado, em 3 a 4 anos, estes consórcios coloquem no mercado novos produtos e serviços, diferenciadores, tecnologicamente evoluídos e com elevado efeito de arrastamento.

Este exemplo de operacionalização baseada em actividades de I&D próximas do mercado, seguidas dos investimentos produtivos que concretizam esses novos produtos e serviços é uma forma que me parece poder vir a ter muito bons resultados. Temos a expectativa de que este pacote nos permita dar o salto tecnológico que tanto precisamos para transformar a produtividade e perfil das empresas portuguesas.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Fundos Comunitários”, publicado na edição de Julho (n.º 184) da Executive Digest.