Um elo vital

Especialista no fornecimento de preparados que poderão ser à base de frutas, ou combinações de legumes, cereais, sementes, especiarias, e muitos outros, às diversas indústrias alimentares e de bebidas. Falamos da frulact, para quem o agro-alimentar é um elemento estratégico

Quando comer um gelado, um iogurte, uma sobremesa ou beber um sumo ou leite de aveia, há uma grande probabilidade de estar a consumir ingredientes Frulact. Seja em restaurantes, na distribuição moderna ou noutros canais, os seus produtos fazem parte das principais marcas mundiais e locais. As matérias-primas da portuguesa Frulact provêm da natureza e são, por isso mesmo, o ponto de partida para que mantenham um elevado nível de qualidade e diferenciação. «A agricultura é, neste contexto, a nossa fonte de aprovisionamento, mas também de inspiração, e um elo vital a montante da nossa cadeia de valor.

A alimentação apresenta-se hoje como um tema de soberania, e o Agro-alimentar, é dos sectores com maior relevo e peso económico e estratégico em todos os países desenvolvidos», lembra João Miranda, CEO da Frulact. Garantir a melhor transformação e logística dos alimentos, preservando as suas características e a segurança de toda a cadeia alimentar, bem como a transparência e a oferta dos melhores produtos, tornando-os acessíveis a todos, e fortalecendo a relação de confiança com os consumidores, é a grande missão do Agro-alimentar.

E o compromisso da Frulact, que hoje integra o top5 dos maiores fabricantes mundiais de preparados à base de fruta para a indústria alimentar com duas frentes estratégicas: a internacionalização e a diversificação.

SABORES NO MUNDO

A oferta da Frulact combina múltiplos ingredientes – dos clássicos e tradicionais aos mais exóticos –, fruto do conhecimento e experiência para criar produtos e conceitos “tailor-made”. Todos eles desenvolvidos de acordo com o posicionamento dos clientes e respondendo a uma série de alegações em linha com as principais tendências do mercado alimentar.

A empresa tem uma operação industrial a três continentes – Europa, América, África – e cinco países – Portugal, França, Marrocos, África do Sul e Canadá. «Cada mercado tem perfis de consumo e de consumidores específicos, com diferenças que assentam essencialmente nos perfis organolépticos. Mas, em bom rigor, num mercado cada vez mais globalizado e de acesso fácil à informação, as preferências dos consumidores seguem hoje uma linha padrão,por produtos mais naturais – com ausência de açúcar, sal e gorduras –, mais autênticos, que consigam dar prazer ao consumir e que sejam saudáveis, potenciando colateralmente a sua experiência no acto de consumo, e mais responsáveis, associado preferencialmente a marcas com cuidados especiais com o ambiente e o comércio justo, independentemente da geografia», conforme partilha João Miranda.

A estratégia da Frulact passa sobretudo por expandir a nível global a mancha de influência e presença, bem como ser reconhecida como a empresa mais inovadora do sector. Na base da estratégia está igualmente a diversificação. «Queremo-nos afirmar como um actor que combina um portefólio vasto de ingredientes e serviços que se complementam e que servem as indústrias alimentares e de bebidas. A Frusenses e a 5ensesinfood (5IF) são, neste contexto, um reforço da nossa orientação estratégica de ampliar a oferta, sustentada na aposta de produção de novo conhecimento, posicionando assim a entrada imediata do Grupo Frulact em novos segmentos como são os aromas alimentares (Frusenses) e os ingredientes de base vegetal, comercializados sob a marca Oatvita da 5IF. Estas são duas áreas de actividade de elevado valor acrescentado.

No caso das bases vegetais, somos a primeira empresa no nosso sector, a integrar este ingrediente no nosso portefólio, com um processo patenteado que permite aos nossos clientes lançar bebidas, sobremesas ou “iogurtes” com características únicas e diferenciadoras. Hoje, obtemos do mercado global o reconhecimento do nosso pioneirismo da antecipação a uma tendência que já é uma realidade», refere o CEO da Frulact, uma vez que os produtos de base vegetal são hoje uma alternativa ou um complemento disponível nos lineares para a dieta alimentar.

Um percurso de aposta, a par com a internacionalização e a diversificação, na qualidade e na inovação. «Esses drivers têm desde logo permitido posicionar a Frulact como uma empresa de referência no seu sector, granjeando uma posição de notoriedade e liderança em diversas geografias. Permite-nos igualmente demonstrar aos nossos parceiros de negócios que temos competências para alimentar o seu “pipeline” de inovação e que lhes podemos proporcionar valor no que lhes estamos a oferecer», afirma João Miranda.

Uma empresa que investe 2,8% do seu volume de negócio em actividades de IDI, e este é um valor que tem crescido ao longo dos anos, e que tem sentido que tem suportado de forma consistente o processo crescimento, dando-lhe sustentabilidade e alicerces sólidos, para enfrentar o mercado global que apresenta desafios cada vez mais exigentes.

Em termos comparativos, está num nível consideravelmente superior à média europeia das Indústrias Alimentares e de Bebidas que se pauta em 0,26%. O Frutech é uma plataforma que gere todas as actividades de IDI do Grupo, que inclui também os laboratórios de Desenvolvimento e Inovação do Canadá, Marrocos e África do Sul. «É a alavanca para o sucesso da Frulact, pois é aquela que nos permite estar na vanguarda do conhecimento e garante um maior nível de competitividade, bem como o investimento em inovação tecnológica com vista à excelência operacional e diferenciação ao nível dos produtos, processos e serviços. Com esta plataforma, a cinco minutos do aeroporto internacional do Porto, conseguimos criar um espaço onde o processo de desenvolvimento e inovação de produto são desenhados na presença e em co-criação com os nossos clientes, e afinados até ao mais ínfimo detalhe, com a vantagem de se poder materializar todo o conceito criativo e respectivos protótipos em apenas um dia útil», assegura o CEO da Frulact.

A realidade que João Miranda e a equipa encontraram nos mercados globais, fê-los perceber que é necessário olhar para o modelo de negócio e reinventar alguns dos processos, abordagens e, inclusive, a oferta. Por isso, em 2019, promoveram um novo posicionamento do Grupo que se pretende afirmar como um Grupo capaz de agregar portefólios de negócios, servindo clientes e outros parceiros como uma plataforma de desenvolvimento e comercialização de ingredientes e serviços, com base em novo conhecimento.

A oferta e prestação de serviços, desagregada de bens transaccionáveis, é uma componente nova no modelo de negócio que está a ser trazida ao mercado. «Mais do que fornecer um ingrediente, nós estamos a trabalhar numa plataforma de partilha de toda a informação a montante do mesmo, com um nível de detalhe e transparência, impensável há uns anos.

Sabemos que a transparência e a confiança serão o maior activo das marcas no futuro próximo, e por isso, estamos a trabalhar para disponibilizar informação sobre os nossos ingredientes aos nossos clientes, para que estes possam possibilitar ao consumidor, através do QR Code da unidade de venda, o acesso à informação sobre a origem de uma fruta, ou sobre os processos, ou ainda sobre os fitossanitários usados. Por outro lado, trabalhamos inúmeros projectos de produção de conhecimento associado aos nossos processos, e também a novos ingredientes e moléculas, que nos permitam desenhar os produtos de forma mais “fina”, eliminando sal, gordura e açucar, e concebendo produtos mais saudáveis sem perder as características organolepticas que proporcionam o prazer ao consumidor.»

31 ANOS DE AGRO-ALIMENTAR

As últimas três décadas estão associadas não só a uma aceleração do crescimento económico do sector Agro-alimentar, que nos últimos 14 anos registou um crescimento médio duas vezes acima do crescimento de todo o sector económico, mas também com a ocorrência de importantes alterações ao nível dos desafios que o sector está sujeito.

Na década de 90, as empresas preocupavam-se com a implementação de sistemas para a garantia da segurança alimentar. «Com a chegada do novo milénio, e a maior oferta e concorrência, a palavra que se impôs foi a inovação», conta João Miranda. «Havia que inovar para diferenciar e por sua vez criar mais valor. Na década que vivemos, a criação de valor com a inovação é muito menor, pois o mesmo é rapidamente capturado pelo consumidor.

Percebemos que as coisas acontecem todas muito mais rápido, e que os ciclos de vida dos produtos são cada vez mais curtos, por vezes utilizando-se as edições limitadas, como forma expedita de validação de conceitos.» Um novo perfil de consumidores veio lançar desafios jamais vistos, exigindo ofertas para além de inovadoras, que sejam mais justas e sustentáveis. «Consumidores informados e sensíveis à pegada do carbono, ao consumo de água, ao respeito pelos direitos humanos, do trabalho e meio ambiente, são nesta década a maior preocupação, fazendo com que, a transparência da cadeia de valor dos produtos que as marcas oferecem se tornassemo imperativo das organizações na conquista da reputação, da confiança e da fidelização.» Acrescenta ainda que: «na agricultura pode-se desencadear melhorias significativas na produção, recorrendo inclusive às tecnologias emergentes, com vista à redução de desperdício.

Pode-se, igualmente, criar plataformas, dando escala a algumas iniciativas privadas, para uma maior utilização e valorização de produtos agrícolas nas indústrias alimentares. O retalho tem tido também um papel importante nesta temática e poderá recorrer às indústrias transformadoras para a valorização de produtos em fim de ciclo que se encontram nas suas prateleiras. Um excelente exemplo de economia circular, a nível nacional, tem sido desenvolvido pela Missão Continente da Sonae, iniciativa que teve a Frulact como parceiro num dos produtos lançados recentemente e que impediu que 80 mil bananas fossem parar ao lixo! É necessário criar políticas de sensibilização e consciencialização para um acto mais responsável por todos os cidadãos», conclui. A Frulact quer consolidar dois dos projectos que lançou em 2017 e 2018.

A Frulact Canadá, que depois de conquistar o mercado doméstico vai fortalecer este ano a presença nos EUA. E a 5IF, depois da aquisição efectuada no início do ano passado e do forte investimento na capacitação industrial. Este ano, é esperada uma actividade muito forte, respondendo à crescente solicitação e entusiasmo do mercado.

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