Start PME: «Nunca os empresários portugueses tiveram acesso a tanto financiamento»

Em entrevista à Executive Digest, Tiago Braga, director executivo da Start PME, explica como o grande envolvimento no negócio do parceiro, a experiência e know-how permitem trabalhar de uma forma diferenciadora a estratégia de crescimento dos clientes.


Que serviços disponibiliza a vossa consultora para apoiar as empresas portuguesas no acesso aos fundos comunitários?

A Start PME tem três áreas principais de intervenção, nomeadamente, captação de fundos comunitários, intermediação bancária e captação de investimento. Na área de captação de fundos comunitários, contamos com equipas especializadas na Indústria, Turismo, Comércio e Serviços, e por fim, temos também uma equipa especializada no Agronegócio. Essa especialização permite desenvolver candidaturas com um grau elevado de confiança e aprovação. É essa segurança que os nossos clientes sentem quando iniciam a parceria com a Start PME.

O nosso grande envolvimento no negócio do parceiro, a nossa experiência, assim como o know-how permite-nos trabalhar de forma diferenciadora a estratégia de crescimento da empresa.


Quais as soluções oferecidas pela vossa consultora aos clientes?

O âmbito principal do nosso trabalho é garantir o financiamento necessário para implementar os projectos dos nossos parceiros. No entanto, as nossas soluções ultrapassam a elaboração de candidaturas a fundos comunitários. Por exemplo, somos intermediários junto da banca, fazemos captação de investimento, gestão empresarial, e também, prestamos serviços de contabilidade. Este serviço integrado, feito por equipas especializadas, permite melhores resultados e menos preocupações dos nossos empresários.


E os principais desafios que se colocam à sua execução?

Enfrentamos um triplo desafio: uma transição energética para fazer face à emergência ambiental, uma transição digital que afecta todos os elementos da nossa vida, e um contexto geoestratégico cada vez mais desafiante para a Europa com o regresso da Política de Poder, e com um contexto de divergência entre a NATO e os países opositores. A oportunidade que temos pela frente, a nível nacional e europeu, deve ser vista no contexto deste triplo desafio, é encarada como uma oportunidade para renovar e transformar a nossa economia, tornando-a ecologicamente sustentável, mais digital, mais inovadora, e dessa forma, mais competitiva, mas também mais soberana em termos europeus de um ponto de vista estratégico.


Quais os vossos factores diferenciadores face à concorrência?

O feedback que temos dos nossos clientes/parceiros é que estes optam pela Start PME devido ao serviço integrado que oferecemos. Um parceiro quando vem falar connosco não procura só uma empresa para elaborar uma candidatura. Sempre numa lógica win-win, quando iniciamos uma parceria, a nossa principal missão é garantir financiamento o mais acessível possível para o cliente. Como fazemos isso? Com equipas especializadas nos diversos mecanismos financeiros. E isso permite-nos uma actuação 360° e que sabemos ser disruptiva na forma das consultoras trabalharem em Portugal.


O que devem ter em conta as empresas portuguesas que optem por se candidatar aos fundos?

Nunca os empresários portugueses tiveram acesso a tanto financiamento. Actualmente, vivemos um período fora do habitual. Temos em simultâneo três mecanismos financeiros que os empresários podem aproveitar. O velhinho Portugal 2020 que ainda tem 40% da dotação orçamental por executar, temos o Plano de Recuperação e Resiliência que foi criado para dar resposta à pandemia, e por fim, o Portugal 2030 com 23 mil milhões de euros que serão repartidos por diversos programas operacionais semelhantes ao Portugal 2020 com um foco especial na inovação e transição digital. Esta é uma oportunidade única para as empresas e que deverá ser aproveitada. Mas, para beneficiar destes programas de apoio, é preciso que as empresas tenham o seu business plan bem elaborado e com um plano operacional bem definido. Para isso é necessário pensamento estratégico, know-how e, acima de tudo, tempo. Infelizmente, ainda assistimos a empresários que só recorrem à consultoria quando estes programas estão abertos. É o primeiro erro. Uma candidatura é a última peça de um resultado que demora meses a desenhar. Como se costuma dizer: “Depressa e bem, não há quem!”. Nas candidaturas, não é excepção.


Existem variáveis determinantes?

É importante que quando uma organização apresenta a sua candidatura a um fundo europeu consiga responder a quatro variáveis: Objectivo, Resultado, Monitorização e Investimento necessário. Se estas variáveis forem respondidas na fase de elaboração da candidatura, todo o planeamento operacional do projecto após aprovação é simples, porque conseguimos elencar as etapas, gerir procedimentos, monitorizar objectivos e ter retorno do investimento. E aí devemos utilizar as melhores práticas de gestão de projecto e ter responsáveis nas organizações com preparação para ter uma visão 360° de tudo o que rodeia o investimento que estamos a desenvolver, de forma a criar os melhores impactos na nossa organização.


As PME são das que têm mais dificuldade em aplicar fundos comunitários na União Europeia. Como é que este problema pode ser contornado?

As maiores dificuldades das organizações, independentemente do sector, são a digitalização dos projectos, a eficiência com que o fazem e a rentabilidade na gestão financeira que conseguem gerar na utilização desta prática. Não raras vezes, temos grandes organizações, a gerir projectos de milhões num mero excel, sem conseguir alocar recursos humanos e materiais nas diversas fases do projecto e sem conseguir, em tempo real, ter uma execução operacional e financeira, para conseguir tomar medidas de gestão que permitam maximizar a execução e minimizar os impactos financeiros negativos. Uma Gestão de Projecto eficaz e assertiva, tem sempre que ter como base as melhores práticas de Project Management, agregadas a um sistema de gestão e controlo de projecto, que permita monitorizar os indicadores de resultados e a execução física e financeira, em tempo real, por pessoas altamente motivadas e treinadas para esse mesmo efeito.


Quais são os factores de sucesso para as PME?

O sucesso passa pela capacidade de concretização dos objectivos, e pela boa execução dos projetos que são propostos. O sucesso dos Fundos Comunitários, como por exemplo o PRR e o futuro Portugal 2030, que vão estar directamente ligados a resultados, pois é com base no cumprimento de metas que serão feitos os desembolsos por parte de Bruxelas. Com múltiplos projectos e iniciativas, muitos deles sujeitos a concursos públicos, o primeiro requisito para o sucesso do PRR é a capacidade de concertação e de convergência de esforços para assegurar o alcançar das metas comuns acordadas, sendo valorizados os Consórcios e a capacidade de executar projectos em articulação.

A segunda característica será o sentido de foco que os projectos e iniciativas associados aos investimentos acordados com Bruxelas terão de ter. Haverá pouco espaço para interpretações menos claras do que se pretende atingir com os projectos a financiar.

Para que isto aconteça vai ser necessário muito pragmatismo e eficiência na execução dos projectos. Estes financiamentos de grande dimensão irão precisar de monitorização, controlo e transparência, ao longo de todo o período de execução.


E as “regras de ouro” numa candidatura aos fundos comunitários?

O sucesso do projecto nunca está na sua aprovação, está na sua execução, é a primeira regra.

A aprovação da candidatura não significa nada, se não houver capacidade de concretização. É outra das regras de ouro para as quais deve estar virada a atenção dos empresários em Portugal. O sucesso de um projecto mede-se pelos objectivos atingidos em função das metas, pelos investimentos realizados, pela inovação que se concretiza e dá vantagens competitivas, porque em última análise é isso que importa.


A União Europeia dotou-se do maior pacote orçamental de apoio ao desenvolvimento e coesão dos seus estados membros. Esta é uma oportunidade única para transformar Portugal?

Sem dúvida que é uma oportunidade. Portugal tem agora, quer pelos fundos Europeus disponíveis, quer pela situação económica, uma oportunidade de realizar um conjunto de reformas estruturais que tornem a economia portuguesa mais competitiva e mais resiliente a choques externos, permitindo um maior PIB potencial e um maior crescimento económico. Essas reformas passam por melhorar a qualidade da despesa pública e dos serviços públicos, reduzir os atrasos na Justiça, a burocracia e os custos de contexto, melhorar a qualidade do capital humano e assegurar a transição digital e energética na economia. As políticas estruturais serão decisivas no médio e longo prazo na evolução da produtividade, competitividade e emprego, actuando do lado da oferta.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Empreendedorismo e Apoio a Startups”, publicado na edição de Maio (n.º 194) da Executive Digest.

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