Renault: Pioneiros na mobilidade eléctrica

O projecto climático do Grupo Renault é composto por nove acções principais. Estas acções serão progressivamente implementadas em todo o Grupo até 2030, um marco intermédio para a ambição de neutralidade carbónica na Europa até 2040 e a nível mundial até 2050. Em entrevista à Executive Digest, responsáveis da Renault explicam os principais objectivos da marca para ajudar a proteger o Planeta.

A Renault estabeleceu o objectivo de ter um papel activo na mudança de paradigma energético. Por onde passa o caminho da transição energética na Renault?

A sustentabilidade é um dos pilares da Renault desde sempre, tendo até por isso sido uma das marcas pioneiras na mobilidade eléctrica, tendo apresentado o Renault ZOE Z.E. Concept em 2009 no Salão de Frankfurt.

Actuar durante todo o ciclo de vida do veículo é uma prioridade. As nossas emissões de carbono foram reduzidas em todos os sectores: nos materiais e peças que adquirimos, nos locais de produção, nas emissões em estrada, na segunda vida e na reciclagem dos veículos. Em suma, todo o ciclo de vida do veículo foi optimizado para reduzir a nossa pegada ecológica.

Em Abril de 2021, o Grupo Renault anunciou o seu objectivo de atingir a neutralidade carbónica na Europa até 2040, em conformidade com o Pacto Ecológico Europeu, e a nível mundial até 2050.

Quais são os grandes desafios e oportunidades?

O maior desafio passa pelos factores exógenos que não são controlados por um construtor automóvel. Erroneamente tem-se colocado o ónus da transição apenas nos construtores automóveis, desconsiderando todo o ecossistema que transmite confiança e estabilidade ao consumidor final, pois o mesmo só abraçará a transição sabendo que tem uma infraestrutura de carregamentos que lhe permita viver sem ansiedade, com estabilidade e justiça no custo da energia, entre outros. As grandes oportunidades estão associadas ao desenvolvimento de tecnologias e serviços, os automóveis de hoje nada tem a ver com os de há 10, 15 anos.

Como é que a Renault trabalha para reduzir activamente a pegada ambiental? Promovendo o uso eficiente de energia? Organizando processos? Quais os vossos planos de acção?

O projecto climático do Grupo Renault é composto por nove acções principais. Estas acções serão progressivamente implementadas em todo o Grupo até 2030, um marco intermédio para a nossa ambição de neutralidade carbónica na Europa até 2040 e a nível mundial até 2050.

Existem seis materiais e componentes que são responsáveis por 90% da nossa pegada de carbono das peças adquiridas: aço, alumínio, polímeros, electrónica, lentes e pneus. Até 2030, ao canalizarmos os nossos esforços para estes seis componentes, esperamos ter reduzido a sua pegada de carbono em 30%.

Alcançaremos o nosso objectivo ao promover um compromisso partilhado com os nossos principais parceiros de fornecimento. Para tal, estamos a trabalhar com os nossos fornecedores para implementar a comunicação de carbono em projectos futuros.

Também temos como objectivo ter baterias ecológicas, sem carbono e sustentáveis. Até 2030, pretendemos reduzir a pegada de carbono das nossas baterias em 35%, implementando o fornecimento de baterias e materiais com baixo teor de carbono, como o níquel, o lítio e o cobalto.

Nas nossas fábricas estamos a reduzir a pegada de carbono a cada dia que passa. Tânger já é neutra em termos de carbono. A nossa fábrica de Flins será a primeira fábrica da Europa com emissões negativas de carbono dedicada à economia circular.

E quais os objectivos para 2024/2025? Em que assenta o vosso compromisso?

Até ao final de 2025, as nossas fábricas ElectriCity em França serão neutras em termos de carbono, bem como todas as nossas fábricas europeias, até 2030.

Para evitar a utilização de combustíveis fósseis nas nossas fábricas, o Grupo Renault está a trabalhar com uma rede de parceiros para fazer a transição para as energias renováveis, incluindo iniciativas fotovoltaicas, geotérmicas e de biomassa.

Os nossos compromissos ambientais incluem também a preservação da biodiversidade.

Os compromissos do Grupo Renault foram reconhecidos pela iniciativa act4nature, que reúne empresas, ONGs ambientais e organismos científicos. Ao evitar, reduzir e compensar o impacto das suas actividades na natureza e nos ecossistemas, o Grupo Renault visa uma pegada de biodiversidade positiva.

Quando falamos da redução da pegada ambiental, falamos obrigatoriamente de veículos eléctricos. Em que medida é que a Renault está a desenvolver a mobilidade para o futuro?

Como já referido, a Renault foi uma das marcas pioneiras na mobilidade eléctrica tendo lançado o seu primeiro modelo 100% eléctrico há 14 anos, numa altura em que a maioria das marcas automóveis não equacionava sequer fazê-lo. Fruto dessa experiência, a Renault tem hoje uma gama 100% eléctrica ou electrificada, a qual traduz a sua experiência nesta área como é o caso do Carro Europeu do Ano, o Renault Scenic E-Tech Elétrico que tem até 24% dos seus materiais em conformidade com os princípios da economia circular e, nos termos da Directiva 2005/64/CE da UE, 90% da sua massa – incluindo a bateria – pode ser reciclada em instalações industriais. O Scenic E-Tech 100% eléctrico não tem nenhum elemento em pele de origem animal, nem utiliza terras raras no motor eléctrico. Recentemente apresentámos também os novos Renault 5 e 4, revelámos o futuro Twingo, todos modelos que mantém os mesmos princípios na sua conceção e que virão a desempenhar um papel fundamental na democratização da mobilidade eléctrica.

Ao nível da tecnologia, que inovações gostariam de destacar para o compromisso de reduzir a pegada ambiental?

De carro para carro, fechamos os ciclos. Desenvolvemos formas únicas de recuperar materiais, metais e plásticos de automóveis existentes e de os voltar a colocar na produção de novos veículos.

Inovamos em alta tecnologia, como o desmantelamento baseado em dados ou a reciclagem em circuito fechado de baterias. O futuro da indústria automóvel é hoje, e como prova disso, o Grupo Renault criou a empresa The Future Is NEUTRAL™. Na sua génese é uma empresa única que reúne empresas, investidores e parceiros para acelerar o desenvolvimento dos negócios da economia circular automóvel.

Somos o único fornecedor de soluções de economia circular de 360° na indústria automóvel na Europa. Servimos uma vasta gama de clientes, incluindo fabricantes de automóveis, fornecedores, seguradoras e particulares.

A Renault utiliza energias renováveis nas suas fábricas? Em que medida?

O Grupo Renault é actualmente um dos líderes mundiais em termos de redução das emissões de CO2 nas suas instalações industriais. Duas abordagens industriais complementares estão na origem destes resultados: consumir menos e consumir de forma mais limpa.

Em linha com o seu compromisso de atingir a neutralidade carbónica das suas fábricas na Europa até 2030, o Grupo Renault adoptou diversas medidas como a utilização de energia verde, o recurso à digitalização na gestão da sua eficiência energética, a electrificação do calor através de processos térmicos, a análise com o recurso a Big Data (megadados) da introdução de uma maior eficiência na gestão de energia das fábricas, a implementação local de projectos de energias renováveis (painéis fotovoltaicos e geradores eólicos nas fábricas e instalações) e a reutilização de baterias provenientes de automóveis eléctricos para armazenamento e uso de energia na rede de abastecimento da Renault.

Na vossa opinião, os clientes portugueses já alteraram os hábitos com vista a um comportamento mais sustentável?

Portugal é um dos países onde os automóveis eléctricos tem maior quota de mercado, pelo que, desde logo podemos concluir que os portugueses são receptivos à mudança. Sabemos que há um longo caminho a percorrer, que ainda reina muita desinformação que cria muitas dúvidas na sociedade, mas julgamos ser justo dizer que os portugueses estão disponíveis para fazerem a sua parte, sendo que deverão existir mecanismos de incentivos para quem adopte comportamentos mais sustentáveis.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Redução da pegada ambiental”, publicado na edição de Novembro (n.º 224) da Executive Digest.