O desafio da eficiência energética

Para construir um futuro que melhore qualidade de vida da população e cumpra as metas de emissões de co2 é essencial promover as condições para aumentar a eficiência energética

O consumo mundial de energia final continuará a aumentar ao longo das próximas décadas por razões demográficas e de equidade, como consequência do desenvolvimento económico e social de uma parte da população mundial que ainda hoje não tem acesso a formas modernas de energia.

Para que seja possível construir um futuro que concilie a melhoria da qualidade de vida da população com o cumprimento das metas globais de emissões de dióxido de carbono, além das alterações ao mix energético com a progressiva incorporação de energias de origem renovável e a redução da intensidade carbónica da actividade económica, será essencial promover as condições para aumentar a eficiência energética. Por cada unidade de energia que utilizamos várias unidades equivalentes são desperdiçadas ao longo da cadeia de abastecimento desde a sua fonte primária.

A eficiência energética, ao minimizar estas perdas, tem por si só a capacidade de dar origem a ganhos económicos, sociais e ambientais em todas as geografias e sectores de actividade. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE), as medidas de eficiência energética cumulativas implementadas desde 2000 foram responsáveis pela mitigação de 12% de consumo adicional de energia em 2017, tendo restringido também a produção adicional de 12% de emissões de gases com efeito de estufa. Segundo a AIE, os ganhos em eficiência energética podem contribuir com até 38% da redução de emissões necessária até 2050 para manter o aquecimento global abaixo dos 2°C.

Ainda de acordo com a AIE e para se atingirem os ganhos referidos, o investimento anual em eficiência energética deverá atingir cerca de 600 mil milhões de dólares até 2025, evoluindo até 1,3 mil milhões de dólares anuais até 2040, um esforço económico equivalente a cerca de 1% do Produto Mundial Bruto. Em Portugal e para a próxima década, esta ambição estará incorporada no Plano Nacional Energia e Clima 2021-2030, cuja versão preliminar, sujeita a consulta pública nos próximos meses, apresenta como meta uma redução de 35% de consumo de energia primária face ao previsto em 2007 para o ano de 2030, o que só será exequível com fortes ganhos de eficiência energética.

O investimento necessário para atingir esta meta só será possível se suportado por um enquadramento regulatório claro e estável que garanta a transparência do mercado energético e, simultaneamente, valorize o desenvolvimento tecnológico.

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